Birras no shopping, na rua, na hora de comer: elas acontecem quando a criança tem por volta de 2 anos
Mariana Kotscho* Publicado em 09/11/2021, às 11h49
Você já ouviu falar que adultos fazem birras também? Pois é este alerta que faz a psicanalista Eva Wongtschowiski, do Gamp 21 (Grupo de apoio à maternidade e paternidade). Ela explica que antes de pais e mãe reclamarem da birra das criancinhas pequenas, precisam entender que muitas vezes existe a birra adulta, para tentar perceber o que acontece com os pequenos neste momento de verdadeira "fúria".
A diferença é que os maiores já devem, ou deveriam, ter recursos para controlar a própria birra, mas isso não acontece com a criança por volta dos 2 anos, a conhecida fase da birra infantil, chamada em inglês de "terrible two".
A criança quando está fazendo birra fica "impermeável", diz Eva, e não é hora de conversar. Birra não é agressividade nem indisciplina, já que uma criança de 2 anos não tem ainda condições para entender isso.
A birra envolve uma espécie de indignação da criança naquele momento, é uma experiência de frustração vivida intensamente e uma declaração de impotência diante de uma situação". (Eva Wongtschowski)
A birra não deve ser administrada pelos adultos com birra, mas os adultos também se sentem impotentes diante desta crise e o conselho é tentar suavizar a situação, já que a birra faz parte do desenvolvimento infantil. "Os pais precisam se tranquilizar primeiro para depois tranquilizar a criança", diz Eva. E não é indicado deixar uma criança que está fazendo birra sozinha, ela precisa se sentir acolhida e não abandonada.
Os ataques de birra eventuais são normais e não são preocupantes: "O mais importante é que os pais não culpem nem a criança nem a si mesmos", diz a psicanalista. E orienta: "Na hora, o melhor é pegar a criança no colo e sair daquele ambiente. Mesmo que ela esteja se debatendo".
O melhor é esperar um pouco até a criança se acalmar e não adianta nem gritar com a ela, porque ela não vai ouvir.
Na hora da alimentação, se a criança se recusa a comer, Eva explica que não adianta colocar uma criança de castigo porque ela nem consegue entender a relação entre uma coisa e outra. Criança quando faz birra não quer dizer que ela é mal educada. Às vezes ela simplesmente não quer comer e pronto, ela vai compensar na próxima refeição.
A psicanalista disse que entende pais que apelam para telas na hora das refeições, mas ressalta que não é o ideal porque o melhor é que a criança possa participar da refeição e comer com prazer, prestando atenção.
A fase da birra passa conforme a criança cresce e desenvolve novos recursos como conversar, dialogar, ou seja, aprende a falar e a ouvir: "Ela adquiri novas competências. Além da linguagem, a competência de esperar, de dizer o quer quer ou não quer. A birra passa e quanto melhor os pais puderem administrar sem culpa, sem irritação, sem explosões, melhor. A criança vai aprendendo com isso", finaliza Eva.
Lembrando que é possível educar com firmeza sem agressividade verbal ou física. "A violência não é interessante em nenhum momento, nem com crianças nem com adultos. Ela leva a um caminho curto. Pais devem evitar fazer promessas e moralizar a situação. Humilhar uma criança nunca é um caminho interessante".
Podemos finalizar com uma dica importante: palavras bem colocadas fazem toda a diferença. Por exemplo, prefira falar algo como "o que você fez não foi legal" em vez de dizer "você não é legal". Assim a criança pode aprender em qual momento ela fez algo que não tenha sido aprovado e ainda se sente acolhida.
*Mariana Kotscho é jornalista
**O Programa Nestlé por Crianças Mais Saudáveis é uma iniciativa global da Nestlé, que assumiu o compromisso de ajudar 50 milhões de crianças a serem mais saudáveis até 2030 no mundo todo. Desde 1999 foram beneficiadas mais de 3 milhões de crianças no Brasil.
Com o lema “muda que elas mudam”, a partir de uma plataforma de conteúdo, o programa estimula famílias a adotarem hábitos mais saudáveis e ainda promove um prêmio nacional que ajuda a transformar a realidade de 10 escolas públicas por ano com reformas e mentorias pedagógicas.
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