Levantamentos mostram que alterações hormonais, privação do sono e estresse influenciam a memória É comum muitas grávidas reclamarem que estão se sentindo mais distraídas, esquecidas e com a memória fraca durante a gestação
Roberta Manreza Publicado em 16/01/2018, às 00h00
Por Dra. Carolina Rossini*, ginecologista e obstetra
Levantamentos mostram que alterações hormonais, privação do sono e estresse influenciam a memória
É comum muitas grávidas reclamarem que estão se sentindo mais distraídas, esquecidas e com a memória fraca durante a gestação. Há embasamento para isso e alguns fatores biológicos e hormonais contribuem para que realmente aconteça.
Alguns levantamentos têm mostrado que a gestação de fato altera a memória da mulher no período, e que isso ocorre devido a alterações hormonais, privação do sono ou o estresse de lidar com uma grande mudança. O aumento da taxa de progesterona também pode mexer com a área responsável pela atenção.
Além disso, algumas mulheres se queixam de ficar mais irritadas ou percebem que o humor está oscilando com frequência na gravidez. Mais uma vez, a progesterona é um dos responsáveis por essa alteração, já que o aumento deste hormônio no início da gestação eleva a sonolência.
Já no terceiro trimestre, a qualidade de sono fica ainda mais ruim, devido ao desconforto da posição para dormir, com piora da sensação de falta de ar, e o aumento da frequência urinaria durante a noite, o que pode causar diminuição dos reflexos, sonolência, dificuldade de concentração, e diminuição da fixação da memória, oscilação de humor e irritabilidade.
Há até quem diga que o cérebro diminui durante a gravidez, porém, isso é um mito. Isso ocorre devido aos lapsos de memória e a falta de concentração, já que na verdade a gestante está focada em outro universo na gravidez e, após o parto, nas necessidades do recém-nascido. Com isso, ficam menos focadas em outras atividades.
Outro hormônio que contribui para as mudanças no período é a ocitocina. Ela é responsável pelo aumento da ativação em áreas motivacionais do cérebro, em resposta ao estímulo do contato da mãe com o filho. Em momentos como os últimos dias da gravidez e os primeiros dias da lactação ocorre um significativo aumento dos receptores desse hormônio em várias áreas do cérebro.
Para amenizar esses efeitos existem nutrientes envolvidos nas funções cognitivas e melhora da memória como: vitamina B6, vitamina B9, colina, ômega 3, magnésio e vitaminas C, b12 e E. Sendo assim, alimentos fonte desses nutrientes irão melhorar memória e concentração como cereais integrais, ovos, linhaça, peixe, banana, abacate, cacau, vegetais verde escuro, oleaginosas, morango e feijão.
Outros alimentos quando consumidos em excesso como o açúcar e bebida alcoólica, podem levar a destruição de neurônios, afetando a concentração e memória. Além do excesso de aditivos químicos, tais como corantes e conservantes que também contribuem para a redução da concentração.
A última orientação é a importância do café da manhã, pois ao acordarmos nosso organismo necessita de combustível para iniciar as atividades e a ausência dele torna o corpo e suas funções mais lentas e pode potencializar a falta de concentração.
*Dra. Carolina Rossoni é médica Ginecologista e Obstetra do Hospital e Maternidade São Luiz, especialização em Reprodução Humana; membro da sociedade de Brasileira de Reprodução Humana e da Federação Brasileira de Ginecologia Obstetricia (FEBRASGO), com atuação na areão de parto normal.
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