As crianças ainda estão numa fase de adaptação às aulas presenciais e este período pode se prolongar até que se acostumem novamente a ficar longe dos pais
Beatriz Martinelli* Publicado em 27/09/2021, às 09h10
Mesmo após o retorno, há mais de um mês, às aulas presenciais, muitas crianças continuam com dificuldade de lidar com o período que ficam separadas dos pais. O fechamento das escolas trouxe, para as crianças, consequências relacionadas à aprendizagem e, principalmente, às interações sociais. Para cada um, o efeito foi diferente.
As peculiaridades da pandemia ocasionaram diversas dificuldades e mudanças na rotina das crianças, tanto no âmbito escolar, como no familiar. Nesta nova realidade, vários aspectos que tangem o cotidiano delas foram afetados, o que fez com que a relação entre aluno e escola se modificasse.
Isso aconteceu porque o isolamento social permitiu às crianças mais tempo em casa na presença dos pais e cuidadores. Naquele momento, a realização das atividades pedagógicas contava a todo tempo com o auxílio dos responsáveis.
Agora, de volta às escolas, é exigido das crianças muito mais independência e isso pode causar impactos. Portanto, é de suma importância que os responsáveis tenham consciência de questões que podem estar presentes neste processo, como, por exemplo, a ansiedade e possíveis frustrações relacionadas ao fato de estarem mais longe dos pais.
Mas como tornar este retorno mais tranquilo para as crianças? É importante acolher os sentimentos de insegurança que podem surgir neste período de retorno presencial, assim como trabalhar com estratégias que explicam essa rotina com antecedência. Isso possibilita que as crianças tenham previsibilidade do seu dia a dia.
Conte para a criança como será o seu dia, quais são as possíveis pessoas que ela pode encontrar neste retorno e quais são os horários e dias da semana nos quais ela permanecerá na escola. Fazer um quadro de rotina com imagens e possíveis tarefas que a criança irá cumprir no ambiente escolar também pode ajudá-la a entender melhor este período e, consequentemente, diminuir seu estresse.
Saiba que essas práticas ajudam para a organização interna da criança, fazendo com que ela consiga lidar melhor com a ansiedade e insegurança neste período que é tão importante para o desenvolvimento infantil. Caso os pais ou cuidadores percebam que, mesmo com esses reforços, a criança continua apresentando um quadro forte de estresse percebido por falta de sono, distúrbios alimentares, agressividade, entre outros, o ideal é procurar um psiquiatra ou psicólogo infantil para, juntos, criarem novas estratégias.
*Beatriz Martinelli da Silva é Psicóloga da Clínica Arte Psico CRP: 06/173760
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