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Endometriose: diagnóstico precoce para enfrentar a doença

No mês de conscientização da infertilidade, especialistas alertam para o tratamento preventivo da doença que afeta 7 milhões de mulheres no Brasil

Redação Papo de Mãe Publicado em 03/06/2022, às 07h00

A endometriose é uma das principais causas da infertilidade  feminina
A endometriose é uma das principais causas da infertilidade  feminina

Junho é o mês de conscientização da infertilidade e uma ótima  oportunidade para falar de uma doença que virou um fantasma na vida das mulheres. A endometriose é uma das principais causas da infertilidade feminina. A doença foi descrita pela primeira vez nos anos 1850, de lá pra cá os estudos e as formas de tratamento evoluíram, mas o número de casos  ainda é elevado, muitas vezes, por causa do atraso no diagnóstico e até por  desconhecimento de muitas mulheres sobre os sintomas.

Para a especialista em Reprodução Humana Dra. Maria do Carmo Borges de Souza, da clínica Fertipraxis, é fundamental fazer exames preventivos regulares, manter um  bom estilo de vida, uma boa qualidade de cuidados alimentares e físicos para prevenir a endometriose.

É sempre importante divulgar que ela (a endometriose) é uma doença que pode causar sofrimento às mulheres e  afetar até a sua capacidade reprodutiva. Por isso, é preciso que todos se  conscientizem que o diagnóstico precoce pode ser fundamental na luta  contra a doença", afirma a médica.  

Sugestão: assista ao Papo de Mãe sobre endometriose

O que é endometriose? 

O endométrio que reveste a cavidade uterina é fininho no início do ciclo  menstrual porque as células descamaram. Na medida, que o ciclo vai  evoluindo, se a mulher não usa contraceptivos, ele vai espessando, quando  chega no período pré-ovulatório o endométrio está pronto para receber,  implantar e acolher o embrião, e se não há gestação, ele descama.  

Nessa hora, em 80% das mulheres algumas dessas células, junto com o  sangue, caem na cavidade abdominal ou circulam pela corrente sanguínea. O problema surge quando essas células não entendem que  estavam sendo descartadas e se acumulam junto ao útero, perto da  bexiga, perto do intestino, nos ovários ou até em outro lugar do corpo em  que as células entendam que ali é o útero.

Quando vem um novo ciclo  menstrual, essas células, que deveriam ter ido embora, proliferam e na hora  que o endométrio descama, ele sangra e esse sangramento, seja  microscópico ou visível, causa irritação - por estar num lugar onde não deveria estar - e dor forte na região onde essas células se concentraram",  completa a Dra. Maria do Carmo. 

Quais são os sintomas da endometriose? 

Um dos principais sintomas que ajudam a identificar a endometriose e  contribuem para o diagnóstico precoce são as cólicas menstruais muito  intensas e progressivas. "Uma cólica muitas vezes incapacitante", dimensiona  o Dr. Marcelo Marinho, também especialista em reprodução humana. "Há  mulheres que não conseguem trabalhar, sentem náuseas, tem enjôo,  vômito, dor de cabeça, não conseguem sequer se levantar e ainda ouvem  pessoas em volta dizendo que é frescura o que elas estão sentindo", aponta. 

Uma outra percepção importante do sintoma, segundo o médico, é quando  a mulher, no período menstrual, sangra quando evacua ou ao urinar. Mas o  médico alerta que a endometriose pode ser silenciosa e não apresentar  qualquer sintoma. "Nesses casos, a doença só pode ser identificada em  exames ginecológicos com um aumento dos ovários ou uma massa  abdominal palpável", completa. 

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O diagnóstico por médicos de outras especialidades 

De uma maneira geral, a endometriose é associada a dores no aparelho  reprodutivo da mulher. Mas o que pouca gente sabe é que ela pode surgir  em outras partes do corpo e os médicos de outras especialidades podem  ajudar na cruzada contra a doença.

Num exame solicitado por um colega  de outra especialidade clínica é possível encontrar a endometriose nos rins,  no pulmão ou até dentro do olho", aponta o Dr. Roberto Antunes, também  da Fertipraxis.  

Como tratar a endometriose? 

De acordo com o Dr. Roberto, as mulheres podem apresentar endometriose  em qualquer fase da idade reprodutiva, na pré-menopausa ou até na  menopausa, especialmente, naquelas mulheres que se submetem a 

tratamentos hormonais. A primeira medida é tratar os sintomas com o  bloqueio hormonal interrompendo o ciclo menstrual. Esse bloqueio pode ser  feito por meio de comprimidos, injetáveis e até pela cirurgia laparoscópica.  "A cirurgia minimamente invasiva é menos agressiva, combate a dor e libera  as aderências de trompa facilitando a gestação", acrescenta.  

O Dr. Marcelo relata, no entanto, que nos casos mais graves da doença o  tratamento cirúrgico pode levar a retirada dos ovários ou mesmo do útero.  "Tudo vai depender da idade da mulher, dos objetivos e expectativas dela e  o estágio em que a doença se encontra. Numa mulher jovem, no auge da  sua capacidade reprodutiva, a preocupação deve ser preservar a todo  custo a fertilidade. Já na mulher mais velha, normalmente já com filhos, o  objetivo deve ser aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida dela",  pondera. 

A endometriose é um fantasma na vida das mulheres, mas saber que é uma  doença que pode ser vencida com medidas preventivas e diagnóstico  precoce é uma boa notícia nesse mês de conscientização da fertilidade.  "Mas não se engane, a endometriose é uma patologia. A pessoa pode  pensar que está curada, mas de repente voltam todos os sintomas e todo o  sofrimento. Portanto, faça exames preventivos sempre", finaliza a Dra. Maria  do Carmo. 

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