Roberta Manreza Publicado em 22/11/2017, às 00h00 - Atualizado às 10h22
Por Viviani Zumpano, neuropsicopedagoga
O fim do ano está chegando e muitos pais começam a ficar aflitos sem saber se devem – ou não – correr para buscar uma escolinha para os pequenos. O tema costuma vir cercado de angústia e muitos pais procuram ajuda em livros ou em profissionais na área de desenvolvimento infantil sobre este verdadeiro dilema de quem tem filhos.
Segundo a neuropsicopedagoga Viviani Zumpano, parceira da NeuroKinder, hoje a maioria das mulheres trabalha fora e, com isso, a tendência é que as crianças entrem cada vez mais cedo na escola. Para ela, o momento certo de colocar a criança na escola é aquele em que a família está segura para tomar esta decisão.
“Quando os pais decidem se dedicar à criança por mais tempo, deixando-a em casa, não há problema nenhum, como também não há problema em colocá-la no berçário no final da licença maternidade. Cada família tem as suas crenças e valores que deverão ser levados em consideração na hora de tomar uma decisão. Porém, nas duas escolhas há vantagens e desvantagens”, diz Viviani.
Prós da escolarização precoce
Evidentemente, existem prós e contras da escolarização precoce. Um dos maiores benefícios diz respeito à socialização. “A escola é o momento em que a criança sai do ambiente protetor da família para um ambiente desafiador, conseguindo assim desenvolver habilidades e competências de inteligência emocional muito mais precocemente do que se ingressasse mais tarde, por exemplo”, diz
“Outro grande benefício é o exercício de desenvolver a autonomia das crianças em passos mais seguros e rápidos. A criança tem a oportunidade de desenvolver na escola suas habilidades de relacionamento, oralidade, de brincar, assim como a coordenação motora global e final, percepção do espaço, de como se comportar, de quais são os limites”, explica.
Filhos únicos: ainda mais importante
No caso de crianças que são filhos únicos ou são o primeiro filho do casal, a escola torna-se ainda mais importante. “Há um conceito na psicologia que denominamos intrusão fraterna. O que significa isso? É o irmão que, por meio das discussões, dos desentendimentos, da disputa da atenção dos pais que irá dar à criança a ideia de limites, de contorno de personalidade. Para as crianças sem irmãos, os colegas da escola desempenham este papel”, reflete a neuropsicopedagoga.
Crianças que não têm irmãos, portanto, vão aprender isso na escola, a partir dos seus pares, que são os outros amiguinhos da mesma idade. “Isso vai tirando a criança da visão autocentrada, fazendo com que ela direcione o seu olhar para o outro, para aquele que lhe dará o limite social ”
Outro ponto positivo é o desenvolvimento cerebral. De acordo com Viviani, a formação de redes neuronais é intensa até os dois anos de idade. “Até os três anos, a criança aprende numa velocidade três a quatro vezes maior do que irá aprender no restante da vida. Por isso, se for bem estimulada nesse período, ela terá ganhos praticamente diários.”
Doenças constantes
Por outro lado, uma das desvantagens são as doenças típicas de crianças que frequentam escolas, como resfriados, conjuntivite e outras condições. “O sistema imunológico ainda não está totalmente formado no início da vida. Com isso, é muito frequente que as crianças fiquem doentes. Há, inclusive, casos em que a criança precisa ser retirada da escola para o fortalecimento do sistema imunológico”, diz a especialista.
Existe a escola certa?
A escola certa é aquela que vai refletir os valores da família, que vai deixar os pais seguros. “Os pais precisam se sentir seguros na hora de escolher, seja uma escola de educação infantil ou um berçário. É importante entender se o espaço oferece perigos físicos, como escadas, muros, etc. Além disso, é essencial pesquisar sobre os profissionais e analisar as qualificações”, conclui Viviani.