A matemática está mais presente na nossa rotina do que imaginamos e até o sistema de numeração se originou a partir de um instinto natural
César Luiz de Matos* Publicado em 13/02/2022, às 08h00
Você já deve ter ouvido falar que a matemática está em tudo... e provavelmente pensou que isso deve ser coisa de nerd ou de algum professor de matemática. Mas se olharmos ao nosso redor por apenas um minuto e pensarmos no nosso dia a dia podemos perceber que os números, quantidades e relações estão tão presentes quanto o ar que respiramos.
Uma das primeiras coisas que olhamos ao acordar é que horas são, consultamos nosso celular cuja lógica se baseia no sistema binário de numeração e verificamos as horas que seguem o sistema sexagesimal de numeração. Então vamos tomar café e temos as relações de quantidade do leite e do chocolate, as relações de tempo necessário para esquentar diferentes tamanhos de torradas, calculamos o tempo necessário para chegar ao trabalho, enfim, cada coisa que fazemos conseguimos estabelecer alguma relação com o universo matemático!
Queria compartilhar uma reflexão que sempre me intrigou, a origem do nosso principal sistema de numeração, o sistema decimal, baseado nos 10 algarismos que conhecemos, que nos acompanha desde os nossos primórdios e nos permitiu todo o avanço que conquistamos nos estudos e aplicações da matemática. Qual a origem desse sistema? Por que agrupamos os números em grupos de 10? Por que 10 algarismos e não 4 ou 12? A resposta tem a ver com a anatomia humana, bastando olhar para nossas mãos para entendermos... como temos 10 dedos as primeiras contagens instintivamente foram relacionando as quantidades aos nossos dedos.
Até aí nada de intrigante, meio intuitivo até... mas o que realmente intriga e fascina é como esse sistema se mostra eficiente e como através dele podemos “replicar” relações e grandezas da natureza. Vou citar aqui um, entre inúmeros casos, onde conseguimos com os números reproduzir relações que observamos na natureza. O caso do famoso número pi, uma constante que relaciona o comprimento de uma circunferência com o diâmetro. Independente do tamanho da circunferência, sempre o comprimento será aproximadamente 3,14 vezes a medida do diâmetro.
Acontece que essa relação, observada “fisicamente” na natureza, podemos replicar com exatidão através de algumas relações matemáticas, recorrendo aos nossos algarismos. Um famoso matemático chamado Leibniz chegou no mesmo exato valor usando a fórmula (1 - 1/3 + 1/5 - 1/7 + 1/9 ...) x 4. Ou seja, a mesma proporção encontrada e demonstrada “fisicamente” na natureza, encontramos também nas relações numéricas, com precisão absoluta!!!
A conclusão intrigante do raciocínio é: será apenas coincidência, que “viemos” com 10 dedos e a partir daí desenvolvemos um sistema intuitivo e perfeito de numeração capaz de criar todas as coisas, capaz de calcularmos com perfeição a órbita de planetas e trajetória de cometas que podem nos destruir ou de tecnologias médicas que podem nos salvar... enfim, a resposta para os destinos da humanidade e da matemática estiveram sempre nas nossas mãos!
*César Luiz de Matos é licenciado em Matemática e Pedagogia, pós-graduado em Psicopedagogia, MBA em Engenharia de Qualidade e Gestão de Negócios, e atua há 30 anos como professor e consultor.
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