A Dra. Ligia Santos, colunista do Papo de Mãe, dá detalhes sobre o uso de pílula anticoncepcional e tira uma dúvida comum: tem idade certa para tomar?
Maria Cunha* Publicado em 03/02/2022, às 08h14
“A minha filha disse para mim que quer tomar anticoncepcional, mas eu acho ela muito nova. Tem alguma idade mínima para que ela utilize a pílula?”. Essa é uma dúvida frequente entre mães e responsáveis. Segundo a Dra. Ligia Santos, ginecologista e colunista do Papo de Mãe, a resposta para a pergunta é não.
“A gente não tem uma idade padrão mínima para dizer quando que vai iniciar o uso do contraceptivo. A questão é: para que a sua filha quer tomar o anticoncepcional?”, questiona a Dra. Ligia.
A médica explica que é preciso lembrar que o anticoncepcional é uma pílula formada por hormônios que, em princípio, tem o objetivo de fazer com que a gestação, a contracepção, seja evitada.
“É muito comum que adolescentes pensem em tomar anticoncepcional e até sejam orientadas a tomar contraceptivo para a correção de distúrbio menstrual. Isso pode acontecer, mas a gente precisa lembrar como é que funciona essa questão da menstruação”.
De acordo com a ginecologista as meninas menstruam, em média, entre os 11 e 12 anos, quando ocorre a menarca, a primeira menstruação. Essa menstruação pode ocorrer de uma forma muito tranquila, não doer, ter poucos dias de duração, e ser numa quantidade pequena. Mas, em muitos casos, não é bem assim que acontece.
“[Algumas meninas] acabam tendo muitas cólicas, sangra demais, a menstruação desaparece por alguns meses, depois volta de novo. Aí fica aquela ansiedade, aquela angústia de que precisa estar tudo certinho, mas a gente tem um tempo que é nosso e tem um tempo que é o tempo da natureza, e a natureza não funciona rapidamente, é tudo um processo, as coisas vão acontecendo”, conta a Dra. Ligia Santos.
Então, apesar de a menina menstruar por volta dos 11 ou 12 anos, esse processo de regularização, de fazer com que a menstruação venha mensalmente, demora mais ou menos dois anos.
“É importante que no período de dois anos após a primeira menstruação, a gente só observe e veja como está esse ciclo menstrual. Depois disso, aí é possível traçar um padrão, aproximado, de como vai ser a menstruação dessa menina. Aí, pode-se discutir, de repente, o uso de contraceptivos pra diminuir fluxo ou cólica”.
A ginecologista explica que existem outros medicamentos que podem ser usados com a mesma finalidade do anticoncepcional em relação ao fluxo e às cólicas.
“É importante você conversar com a sua filha a respeito disso: qual é o objetivo? Por que você quer tomar a pílula? Conversar de peito aberto, de uma forma receptiva. Se a questão é essa, existe a possibilidade de tratar de outras formas. Ou não, a questão é que estou namorando, quero começar a namorar, e quero usar o anticoncepcional, porque não estou afim de engravidar tão cedo”.
Nesse caso, a médica afirma que não há nem o que discutir, apenas começar a utilização da pílula contraceptiva para evitar uma gestação precoce, o que é muito pior.
“Os resultados e as consequências são piores, tanto física, quanto social e psicologicamente falando, do que o uso do contraceptivo, seja ele oral, injetável ou implante, outra coisa que precisa ser discutida com a menina que está interessada em usar o método contraceptivo” (Dra. Ligia Santos)
A Dra. Ligia Santos conclui ao reforçar a importância do diálogo e que, independente da idade, a primeira coisa deve ser sempre marcar uma consulta com o ginecologista, em que será possível discutir as opções.
*Maria Cunha é repórter do Papo de Mãe
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