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Bexiga baixa: o que é, como acontece e como prevenir?

Dra. Ligia Santos, ginecologista e obstetra, explica tudo sobre a bexiga baixa, desde as causas até a prevenção

Maria Cunha* Publicado em 13/12/2021, às 12h15

Dra. Ligia Santos, colunista do Papo de Mãe
Dra. Ligia Santos, colunista do Papo de Mãe

O termo “bexiga baixa” é bem popular, porque, muitas vezes, o que está sendo falado não corresponde à bexiga saindo para fora. Na grande maioria das vezes, o que as mulheres sentem é muito parecido, mas para doenças que são bem diferentes, com alterações muito diferentes. Segundo a Dra. Ligia Santos, colunista do Papo de Mãe, a bexiga baixa faz com que as mulheres sintam, basicamente, uma bola na vagina, que ocorre principalmente quando é feito algum tipo de esforço.

“Se eu vou carregar peso, se eu tusso, se eu começo a pular, pode ser que eu perceba como se estivesse, realmente, alguma coisa saindo de dentro de mim, uma bola dentro da vagina. Essa bola pode ser tanto a parede da vagina, parede anterior, posterior, como o próprio útero saindo para fora. Isso você só vai conseguir descobrir indo ao médico, porque ele vai te examinar e aí ele vai identificar qual que é a parte que está saindo”.

Por que isso acontece?

De acordo com a Dra. Ligia, o útero se localiza dentro do abdômen e a sustentação dele ocorre por ligamentos. Embaixo do útero, existe o assoalho pélvico, um conjunto de músculos e ligamentos que vai dar sustentação para essa parte do abdômen, para o abdômen não desabar. Assim, o que faz com que todos os órgãos que existem lá dentro sejam segurados é essa estrutura. O assoalho pélvico é, basicamente, formado de músculos e ligamentos, que podem sofrer traumas, a principal causa de prolapsos e ruturas.

“Esses traumas, geralmente, ocorrem pós-parto, então muitas vezes a passagem do bebê, a forma como o parto acontece, faz com que as fibras musculares não se afastem, mas sejam rompidas, ocorrendo uma lesão e a frouxidão desse assoalho”, conta a obstetra.

Assista ao vídeo completo da Dra. Ligia Santos, colunista do Papo de Mãe:

Outra causa da bexiga baixa é a idade. A Dra. Ligia relata que, à medida que as mulheres vão envelhecendo, o músculo tende a perder a força. Assim, da mesma forma que percebemos a flacidez em outras partes do corpo, a parte do assoalho pélvico também pode ficar flácida. 

“O prolapso ou bola na vagina, a cistocele e a retocele, essas doenças todas, elas tem diversos graus então, eu posso ter uma queda da parede anterior da vagina, que a gente chama de cistocele, que é leve, moderada, e pode ser grave. Assim como pode ocorrer também parede posterior. O útero saindo pra fora também tem diversos graus”.

A médica ainda explica que os prolapsos, ou seja, essas saídas, podem acontecer associadas ou não à perda de urina. Por isso, essa é uma informação importante para ser dita ao médico.

“Pode ser que você não tenha perda de urina, que você simplesmente tenha o prolapso e perceba essa bola, mas você consegue ir no banheiro e segurar se você tiver necessidade. A outra condição, totalmente diferente, é a incontinência urinária”, explic

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Tratamento 

Para tratar bexiga baixa, a ginecologista pontua que a solução é, basicamente, a cirurgia. Não há remédio ou a possibilidade de fazer fisioterapia. Com isso, a operação pode ser a correção do períneo, um “levantamento da bexiga, a correção da parede anterior ou posterior, retirada do útero, dependendo daquilo que o paciente tem.

“Em geral, são cirurgias relativamente simples, que não são tão complicadas de serem feitas, mas exigem cuidados como qualquer cirurgia. Então, é importante que você procure se informar e conversar com o médico”,

A médica ainda pontua que para algumas mulheres, principalmente as mais idosas, que já apresentam muitas comorbidades, e para as quais é difícil tomar uma anestesia, por exemplo, não é possível realizar a cirurgia. Com isso, uma outra opção, que não irá resolver o problema, mas ajudará bastante, é o uso de pessários, que são, segundo a Dra. Ligia, de maneira simples, como se fossem rolhas, que você coloca dentro da vagina para segurar e fazer, mais ou menos, o papel do assoalho pélvico.

E o sexo?

Uma pergunta muito comum é em relação ao sexo, há melhora ou piora? A ginecologista conta que a vagina é elástica e, em razão disso, a questão da vagina larga tem que ser avaliada pelo médico.

“Muitas vezes, em mulheres após o parto, muitas mulheres comentam que estão sentindo a vagina mais larga e, quando a gente vai ver, não tem nada demais. Às vezes, essa questão é muito mais de relacionamento, de expectativa e de dificuldade de lidar com aquilo que mudou no corpo, do que fisiológica. Muitas vezes, o corpo está ali, perfeito”, comenta a Dra. Ligia Santos.

A médica completa ao lembrar que é óbvio que existem mudanças normais pós-parto. Uma mulher que tenha dois, três filhos, vários partos normais, vai sentir um pouco de diferença no corpo, mas isso não significa que ela está destruída e que seu corpo todo precisará ser arrumado, inclusive a vagina.

“Então, isso vai ser algo que vai ser visto com o médico e, se você tiver a necessidade de fazer algum tipo de intervenção, isso não vai interferir no seu desejo sexual, não vai interferir na sua lubrificação.

É sempre importante reforçar que, aofalar de cirurgia e procedimentos, o que inclui essa correção, pode acontecer da cicatrização não ser tão boa, de ficar algum tipo de cicatriz mais intensa ou, eventualmente, ficar mais apertado do que se esperava que ficasse.

“Essas questões podem acontecer e, aí sim, vai ocorrer algum tipo de alteração na questão sexual, porque eu tenho dor e desconforto, mexeu e não é mais a mesma coisa. A gente tem que diferenciar bem quando se pensa na questão do períneo relacionado ao sexo, o quanto isso vai interferir, se eu tiver algum tipo de cicatrização inadequada pode ser que eu tenha dores e desconforto, mas eu não posso pensar que o meu sexo vai melhorar, eventualmente, só porque eu fiz a cirurgia”.

*Maria Cunha é repórter do Papo de Mãe

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