Renata Kotscho, colunista, fala sobre a morte da personagem Madeleine na novela Pantanal
Renata Kotscho* Publicado em 27/05/2022, às 11h00
Eu gostava de como a Filó chamava, Dona Madalena.
A loiraça belzebu de Pantanal, foi apresentada ao público nessa nova versão da novela dançando Kátia Flávia e provocando o sempre sem sal, doctor Gus. Estavam os dois em uma festa que bombava em luzes coloridas em um apartamento na zona sul carioca com vista para o mar.
Depois da festa de arromba nos deliciosos anos 90 (pra quem soube aproveitar, é claro), os amigos da geração carioca dourada foram jantar num restaurante grã fino desses para a high society ver e ser vista. Foi lá que Madeleine com seus cachos todos jogados para um lado, como gritava a moda da época, trocou olhares com o peão pantaneiro José Leônico.
Quem nunca se perdeu por um olhar bem trocado está vivendo errado, mas novela os pombinhos, como diz o meme, escalaram bem rápido:
Madeleine se convidou para sentar na mesa do peão, tomaram duas garrafas de vinho, saíram do restaurante direto para o hotel do peão onde ele tirou a virgindade da moça, no dia seguinte ele pediu a mão dela em casamento, casaram-se e no dia seguinte o peão levou a burguesinha para o Pantanar e tratou de rapidamente emprenhar a moça.
Abandonou a mulher durante boa parte da gravidez, não estava presente no parto que foi assistido pela sua rival, e quando José Leôncio chegou em casa, o chucro ainda tirou o recém-nascido dos braços da mãe para dar um rolê de cavalo na madrugada.
Depois de tanto perrengue, Dona Madalena decide pedir as contas e ajuda para a sua família, que escala doctor Gus para ir resgatá-la. A ideia da burguesinha era que o seu marido viria atrás dela implorando para ela voltar nos braços do povo e conferindo uma série de regalias, que ela bem que merecia, afinal era ou não era a esposa do Rei do Gado?
Mas o turrão, cidadão de bem, que confunde orgulho ferido com vergonha na cara, do peão nunca foi buscar a princesa que fez coroar e que andava nua pelo Pantanar. Pelo contrário, ele ainda fez questão de faturar a cunhadinha ruiva e sonsa, Talairma.
Parênteses aqui, Deus tem seus preferidos, né? Irma no caso. A ruiva não só pegou só a parte boa do cunhadinho, um rala e rola na prainha, como de volta ao Pantanar, agora vai se engraçar com o cramulhão? Tá de parabéns a sonsa.
Bom, aí quando Dona Madeleine descobre que foi passada para trás pela própria irmã santinha que ela tinha como anjo da guarda, ela resolve voltar ao Pantanal e morre em queda de avião devorada pelas piranhas? O autor devia odiar a sua personagem.
Tá certo que Madeleine era odiável mesmo. De burguesinha carioca mimada nos anos 90 vivida pela Bruna Linzmeyer, que não precisa nem se esforçar para parecer insuportável para a digital influencer no Insta, interpretada pela Karine Teles que pegou absolutamente todos os trejeitos da Bruna. Chega a ser assustador como o envelhecimento da personagem foi convincente.
Eu fiquei triste quando a Madeleine morreu na primeira versão de Pantanal, a atriz que fazia o papel, Ítala Nandi tinha outros compromissos profissionais e o autor Benedito Ruy Barbosa teve que matar a personagem. O autor da nova versão, Bruno Luperi, neto de Benedito, optou por manter a história fiel à primeira versão.
A cena da morte da personagem insuportável mais querida do Brasil foi um primor técnico e de interpretação. Fechou lindamente o ciclo da Dona Madalena, apesar da tragédia.
não, e vocês?
*Renata Kotscho é noveleira e fofoqueira te convida para assistir e fofocar sobre Pantanal. Tem 3 filhas adolescentes.
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