A fonoaudióloga Dra. Andressa Alda explica os grupos mais afetados pela afasia e as formas de tratamento
Redação Papo de Mãe Publicado em 08/06/2022, às 06h00
Em destaque nos últimos meses devido ao anúncio de aposentadoria do ator Bruce Willis, a afasia é uma disfunção que afeta a capacidade de uso da linguagem e da fala, além de prejudicar a comunicação do paciente em geral. Segundo a fonoaudióloga Dra. Andressa Alda, a afasia pode ser primária ou secundária.
“Enquanto a segunda está associada a uma lesão neurológica, a primeira pode ser confundida com o Alzheimer, pois possui um caráter progressivo e também é um tipo de demência. Diferenciam-se basicamente pelo fato do primeiro sintoma do Alzheimer ser a perda da memória, com o paciente ficando desorientado, enquanto na afasia o principal sintoma sempre será inicialmente o comprometimento da fala e da linguagem”, explica Alda.
A especialista também comenta que a afasia secundária surge em decorrência de causas vasculares como acidentes vasculares cerebrais (AVCs), traumatismos cranioencefálicos ou tumores, e que as dificuldades de linguagem nesses casos são repentinas e abruptas, resultantes de um comprometimento do lado esquerdo do cérebro, em áreas específicas da fala.
“Já na afasia degenerativa a causa ainda não é conhecida, mas é importante alertar que ambas afetam a linguagem oral e escrita. Podem aparecer como dificuldades em nomear objetos e figuras, completar frases etc.”, explica Dra. Andressa.
Apesar dos dados sobre esse problema de comunicação a nível nacional ainda serem escassos, ocorrências de novos casos de AVCs são determinantes para uma maior incidência de afasia. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o acidente vascular cerebral é a primeira causa de incapacidade no Brasil, com 108 ocorrências para cada 100 mil habitantes, ao ano.
O Sistema Único de Saúde (SUS) relatou o atendimento de aproximadamente 5 mil casos de afasia de todas as etiologias em 2021, com pessoas de 55 a 65 anos de idade sendo as mais acometidas.
“De forma geral, o tratamento para ambas as afasias consiste em evitar o aparecimento da causa e manter um estilo de vida saudável, com uma alimentação balanceada e atividades físicas regulares, além da realização de check-ups médicos para monitorar quadros de hipertensão, diabetes e manter o peso regulado. Não fumar e tratar condições como a apneia do sono também são atitudes importantes”, orienta a fonoaudióloga.
A Dra. Andressa Alda explica que o fonoaudiólogo é o profissional capacitado para avaliar, diagnosticar e reabilitar os quadros de afasia. “Nesses casos, o ideal é sempre manter uma comunicação simples e natural com o paciente, encorajando-o a responder e o informando do que acontece no mundo, além de localizado no tempo e espaço.”
Não infantilizar a pessoa acometida pelo problema e evitar termos insensíveis como pedir para que o paciente “fale direito” também são medidas válidas, já que o principal objetivo durante o tratamento é justamente falar da maneira correta.
O contato entre o médico responsável pelo caso com a família do paciente também influencia no tratamento e recuperação da afasia. “Incluir a pessoa nos afazeres do dia a dia e evitar responder questões que ela possa concluir sozinha também são formas eficientes de trabalhar um retorno à normalidade. Assim como utilizar atividades da rotina para o treino da fala, como o banho, alimentação, escovar os dentes etc.”
Lembrando que embora muitas vezes trate-se de casos neurodegenerativos, um acompanhamento com o profissional adequado será capaz de diminuir a velocidade de progressão da doença. Logo, quanto mais cedo for apresentado um diagnóstico, melhores serão as perspectivas de resultados que mantenham ou tragam de volta a qualidade de vida do paciente.
Quem é Dra. Andressa Alda?
Formada em 2004, pela Universidade Metodista de Piracicaba, a Dra. Andressa Alda também possui especialização em Disfagia desde 2012 pelo Hospital A.C. Camargo em São Paulo. Atualmente a fonoaudióloga faz atendimento clínico e domiciliar, mas também já atuou na Santa Casa Misericórdia de Araras e no Centro de Reabilitação Neurológica CEREN, dentre outros.
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