Levantamento feito pelo Instituto Avon e pela Gênero e Número mostra os impactos que a Covid-19 trouxe para a descoberta e o tratamento de câncer de mama
Redação Papo de Mãe Publicado em 25/10/2021, às 18h55
A pandemia da Covid-19 impactou diversas questões da área da saúde e uma delas foi a de prevenção e diagnóstico de câncer de mama. Segundo o levantamento feito pelo Instituto Avon em parceria com a organização Gênero e Número, o SUS (Sistema Único de Saúde) apresentou uma redução significativa no número de procedimentos de diagnóstico de câncer de mama.
O Brasil contabilizou 473 mil procedimentos de diagnóstico de câncer de mama a menos que em 2019, representando então uma queda de 28%. Em paralelo a isso, sabe-se que o câncer de mama é o tipo de câncer mais comum entre as mulheres.
Ainda de acordo com a pesquisa, o SUS realizou 1,7 milhão de procedimentos de diagnóstico em 2019, mas no ano passado esse número caiu para 1,2 milhão no total de procedimentos.
Daniela Grelin, Diretora Executiva do Instituto Avon, ressalta a urgência de promover a informação e disseminar a consciência de que é preciso manter os exames de rotina em dia. "Quando diagnosticado precocemente, as chances de cura para o câncer de mama são mais elevadas e há opções de tratamentos que podem ser avaliadas com a equipe multidisciplinar que deve acompanhar a paciente e sua família", afirma.
Não só a procura por exames de diagnóstico foi menor, como também a de investimentos e recursos para a área sofrem alterações. O estudo mostrou que houve uma redução orçamentária de 26% para o diagnóstico da doença, que passou de R$ 49 milhões no ano de 2019, para R$ 36,5 milhões em 2020.
Já entre os estados brasileiros, os índices mais altos de redução de exames de diagnóstico no ano passado foram a Bahia, com 38%, e o Rio de Janeiro, com 34%. O Pará aparece na sequência com 24%, enquanto São Paulo e o Distrito Federal apresentaram 20% de diagnósticos a menos. O Rio Grande do Sul teve redução de 18%.
A descoberta tardia de câncer de mama também impacta os procedimentos realizados no SUS. A pesquisa do Instituto Avon e da Gênero e Número mostrou que, de janeiro a junho desse ano, cerca de 48% dos tratamentos foram realizados em pacientes nos estágios 3 e 4 (mais graves).
Só no primeiro semestre de 2021, o SUS destinou 81% da verba para o tratamento de câncer de mama de pacientes nos estágios mais avançados da doença, com investimento de R$ 698 milhões, enquanto as fases 1 e 2 da doença receberam R$ 166 milhões.
Vale ressaltar que a descoberta tardia da doença impacta diretamente na qualidade de vida das pacientes, diminui as chances de cura e também acaba recorrendo a tratamentos mais invasivos, como, por exemplo, a quimioterapia.
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