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Vacinação em gestantes: como anda o reforço da terceira dose?

Dose 'extra' impulsiona ainda mais a proteção para mãe e filho, diz médica ginecologista e obstetra sobre vacinação em gestantes e puérperas

Redação Papo de Mãe Publicado em 21/10/2021, às 08h00

Entidades recomendam que grávidas, lactantes e puerpéras tomem a dose reforço após 6 meses da segunda vacinação - Davi Valle - Prefeitura de Cuiabá/Reprodução
Entidades recomendam que grávidas, lactantes e puerpéras tomem a dose reforço após 6 meses da segunda vacinação - Davi Valle - Prefeitura de Cuiabá/Reprodução

No final do mês de agosto, o Ministério da Saúde recomendou que idosos acima de 70 anos e imunossuprimidos tomassem a dose de reforço da vacina contra a Covid-19. Eis que já se passaram três meses e as grávidas e lactantes ainda não foram incluídas na lista de prioridade para a terceira dose da vacina no plano do governo.

Mas segundo dados divulgados pelo Observatório Obstétrico COVID-19, até o final de setembro, mais de 700 mil gestantes receberam a primeira dose e 58% destas receberam a segunda dose. Os estudos também mostram que a imunização completa é uma forte aliada para proteger mães e filhos.

Na avaliação da médica ginecologista e obstetra formada pela USP, Dra Luciana Delamuta, a terceira dose funciona como um "impulsionador" para uma maior produção de anticorpos pelo sistema imune.

"Alguns estudos demonstraram uma redução na quantidade de anticorpos circulantes após alguns meses do esquema vacinal. A terceira dose atua aumentando essa produção novamente. Sabemos que gestantes estão entre os grupos de risco para infecção grave pela Covid e, portanto, garantir uma imunização adequada é extremamente importante", compartilha ela com o Papo de Mãe.

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Já no caso das lactantes e puérperas, segundo a médica, os anticorpos estão presentes no leite e imunizam não apenas a mulher, mas também o bebê, garantindo uma proteção ainda maior. 

Delamuta afirma que um dos maiores receios das gestantes e lactantes, é que a dose de reforço cause algum "efeito adverso" por ser de outra marca/fabricante. No entanto, ela garante que a "mistura de vacinas" é justamente o que leva a uma maior resposta imune do organismo, além de ser segura.

No momento, a vacina da Pfizer é a preferível para a dose de reforço. Caso não esteja disponível, pode-se optar por outros imunizantes que utilizam vetores virais, como os da AstraZeneca e Janssen".

Quando tomar a terceira dose?

Assim como os demais grupos de risco que estão recebendo o "reforço" da imunização, a terceira dose em grávidas e lactantes deve acontecer após seis meses da aplicação da última vacinação, ou seja, do esquema vacinal completo. Procurada pelo Papo de Mãe, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) se manifestou a favor desta recomendação.

Através de uma nota oficial, a entidade disse que a dose de reforço é totalmente permitida para o grupo, no entanto, desde que a imunização seja "ministrada por meio das vacinas aprovadas para mulheres grávidas e em puerpério, preferencialmente a da Pfizer".

A Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (Sogesp) também deu um parecer favorável para a terceira dose em gestantes e puérperas. Segundo eles, é importante ressaltar que o grupo em questão apresenta maior risco de desenvolver as formas graves da Covid-19, consequentemente, maior risco de morte materna.

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Imunidade das mulheres

De acordo com a médica, as gestantes são pacientes com uma resposta imune menor, justamente para que não tenham uma reação do organismo materno contra o feto, e por isso, estão sujeitas a terem quadros mais graves de algumas infecções, como a gripe e a própria Covid-19.

"Uma mulher não está mais sujeita a ficar gripada ou se infectar com o coronavírus somente pelo fato de estar gestante, mas caso se infecte, sua evolução pode ser pior que a de uma paciente não gestante", exemplifica.

Grupo de risco

O Ministério da Saúde incluiu as grávidas e puérperas como um grupo de risco ainda em 2020. Segundo os Núcleos de Promoção e Defesa dos Direitos das Mulheres, em junho do ano passado, pesquisas apontaram que o Brasil era o país com o maior número de mortalidade materna por questões ligadas à Covid-19.

Dados do Observatório Obstétrico Brasileiro e da Rede Feminista de Ginecologistas e Obstetras mostram que 59% das grávidas ou puérperas que faleceram em 2021 não tinham nenhuma comorbidade. Em 2020, segundo a Fiocruz, toda semana morriam, em média, 12 gestantes ou puérperas por Covid-19. Este ano, a média está em 47,9 mortes semanais. Com uma taxa de letalidade de 7,2%, quando o índice do Brasil é de 2,8%.

Apesar disso, o grupo foi só passou a fazer parte do PNI (Programa Nacional de Imunização) no final do mês de abril. As gestantes com comorbidades já haviam sido incluídas no programa no dia 15 de março. De acordo com a Agência Brasil, a coordenadora do PNI, Franciele Francinato, defendeu a antecipação das grávidas na fila da vacinação, e disse que “o risco de não vacinar gestantes no país já justifica a inclusão desse grupo”.


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