Funcionários do Inep dizem que afastamentos ocorreram em áreas fundamentais da prova, que segue marcada para dias 21 e 28 deste mês
*Raphael Preto Pereira Publicado em 10/11/2021, às 15h10
Internamente, para quem pergunta a posição do INEP (Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais) sobre a possibilidade de adiamento ou cancelamento do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), a resposta é taxativa: "não existe". A realização do exame neste momento parece não correr risco. Mas, a situação também não é 100% tranquila. Os responsáveis pelo exame estão “operando no limite”.
Os funcionários que deixaram seus cargos, nem vou me atrever a dizer quantos, já que o número aumenta a cada dia, eram experientes e trabalharam em governos do PSDB, PT e PMDB. A maioria está lá há mais de 10 anos.
É importante esclarecer que boa parte destes funcionários continuam no órgão, mas longe de posições de comando, já que pediram exoneração dos chamados cargos em comissão. Mas são concursados em outros cargos dentro do INEP, por isso têm estabilidade e não podem ser demitidos.
A maioria destes funcionários concursados começou a trabalhar lá para a realização do exame de 2010. Os concursados hoje são maioria na instituição.
Segundo uma fonte ouvida pelo Papo de Mãe, esses servidores acompanharam de perto todas as modificações que foram realizadas por conta do vazamento e posterior cancelamento da avaliação em 2009.
“Eles não só participaram, mas também organizaram ou reorganizaram diversos processos relacionados à prova, com o apoio de diversas instituições especializadas. Foram essas medidas que garantiram o sucesso do ENEM que chegou a ter mais de oito milhões de inscritos”, explica a pessoa, que pediu anonimato.
Os afastamentos são em áreas sensíveis da logística necessária para a realização da prova. Como, por exemplo, o setor responsável pelos contatos com as secretarias de segurança estaduais que fazem a segurança e o transporte das avaliações.
Quem quiser saber mais sobre a história do roubo do ENEM em 2009 precisa ler o livro "O Roubo do ENEM", da jornalista Renata Cafardo, que foi quem deu esse furo, no jornal O Estado de São Paulo.
Este ano, pouco mais de 3 milhões de estudantes estão inscritos no exame. É bom lembrar que a diminuição de estudantes interessados na avaliação pode indicar uma queda do curso superior para o jovem.
Outra fonte, também com acesso direto ao INEP, diz que a realização da prova só não corre risco por conta da preparação que esses funcionários que foram demitidos fizeram antes de serem defenestrados. “Se acontecer qualquer intercorrência, em qualquer parte do exame, ninguém saberá resolver", diz uma pessoa ouvida pela reportagem.
*Raphael Preto Pereira é jornalista.