“O que aquelas primeiras feministas defendiam a gente ainda precisa defender, porque nem todo mundo chegou” afirma Ligia Santos, no Dia da Mulher
Fernanda Fernandes* Publicado em 08/03/2022, às 19h52
Na semana do dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher a colunista Ligia Santos fez questão de trazer uma temática muito importante: os direitos das mulheres, expondo seus pensamentos, ideais e mostrando que é preciso continuar lutando, pois, as mulheres ainda não alcançaram tudo o que desejam.
A ginecologista inicia o assunto dizendo que, infelizmente, de certa forma, ele tem sido banalizado. As pessoas estão esquecendo da importância do dia 8 por diversos motivos, em uma tentativa de esquecer a essência dessa data. E então ela relembra o público:
“As feministas do século 19, as que começaram a estabelecer essa marca, elas queriam ocupar o espaço público, sair da vida privada, poder ter direitos de voz na política, na sociedade, poder ver que as suas opiniões tinham peso, tinham valor. Elas queriam direitos iguais em relação à salário, elas queriam direito de escolher como elas iriam viver a vida amorosa delas, com quem elas queriam casar, e se é que elas queriam se casar”.
Após a explicação, ela parte para o ponto de que, se pararmos para pensar, hoje, depois de tanto tempo, será que a gente conseguiu o que elas almejavam tanto? E analisando com cuidado, chegamos à conclusão de que não.
Boa parte das mulheres ainda estão nessa briga. Boa parte das mulheres, embora estude tanto quanto, às vezes até mais que os homens, ainda recebe menos, proporcionalmente, muitas vezes fazendo o mesmo trabalho. Isso porque o mercado de trabalho nos castiga por termos a capacidade de gerar. Ele não tolera que nós precisemos nos afastar para cuidar da próxima geração que está vindo. A gente tem que estar produzindo, produzindo, produzindo. Mas é difícil produzir tendo que cuidar, então na maioria das vezes a sociedade acaba deixando para a gente só o cuidado, como se o cuidado não tivesse valor. E nós ficamos para trás, de certa forma, quando comparados a eles, porque cuidar não rende dinheiro” reflete a doutora sobre a relação de maternidade e trabalho.
Outro ponto abordado ao longo do vídeo é que, mesmo depois de tanto tempo as mulheres ainda estão brigando para ter voz, para ter representatividade no Senado, na Câmara, no poder executivo. Elas ainda precisam de representantes, de gente para entender quais são as suas demandas.
Essa luta ainda não acabou. Muitas das causas que aquelas primeiras mulheres, primeiras feministas defendiam, a gente ainda precisa defender, porque nem todo mundo chegou. E a sociedade precisa se lembrar que nossa causa ainda não está ganha”.
Ligia finaliza dizendo que nós temos que celebrar o Dia da Mulher para lembrar: quanto ainda falta para a gente conquistar? Quanto ainda falta para a gente poder exercer de maneira plena tudo aquilo que a gente quer? Que a gente deseja? Que a gente tem potencial para exercer?
“Eu quero desejar para todas as minhas companheiras, mulheres cis, trans. Feliz Dia da Mulher. A gente merece, a gente merece muito mais, pois temos muito poder, muito potencial, muita coisa para mostrar. Estamos pegando um bastão de uma luta que começou lá atrás, e eu tenho certeza de que a gente vai continuar e vai entregar lá na frente para nossa geração futura um bastão bem mais leve”.
*Fernanda Fernandes é repórter do Papo de Mãe
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