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Nutricionismo - já ouviu falar?

A colunista Ariela Doctors nos conta um pouco sobre nutricionismo. No final, tem receita de creme de abóbora

Ariela Doctors* Publicado em 14/07/2021, às 08h00

Creme de abóbora
Creme de abóbora

Atualmente é muito difícil termos certeza se o alimento que escolhemos para nós e nossos familiares faz bem ou faz mal.
 São tantas informações desencontradas, artigos com pesquisas científicas, publicidade relacionada aos alimentos, embalagens contendo informações de nutrientes, especialistas dizendo comam isso, não comam aquilo, evitem aquele outro...

Afinal, o que fazer? Em quem ou o que podemos acreditar?

Te convido a pensar quando foi que tudo isso começou. Gyorgy Scrinis descreve o Nutricionismo como o paradigma dominante da ciência da nutrição desde meados do século XIX. Ele divide a história da ciência da nutrição em três períodos. O primeiro, a era do nutricionismo quantificador, seria entre meados do século XIX e meados do século XX, quando os cientistas da nutrição descobriram e quantificaram os nutrientes dos alimentos e as necessidades nutricionais do corpo humano. O objetivo deles era identificar quais os nutrientes importantes para o crescimento e para a prevenção de doenças.

O segundo período começou na década de 1960, a era do nutricionismo “bom versus ruim”, quando surgiu a ideia da existência de nutrientes bons e nutrientes ruins. Naquela época, várias cartilhas com orientações nutricionais foram produzidas pelas instituições de saúde pública e o governo regulamentou a rotulagem de alguns alimentos, com o objetivo de proporcionar conselhos dietéticos para diminuição de riscos de doenças crônicas.

O terceiro período, a era do nutricionismo funcional, é o que vivemos até os dias atuais. Aqui, a indústria alimentícia atua soberana por meio do financiamento de pesquisas, da engenharia de alimentos que emprega sabores que conquistam a clientela e o marketing com promessas de alimentos focados para o melhoramento da nossa saúde.

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Todo esse conhecimento proporcionado pelos cientistas desde a era moderna são, sem dúvida, muito importantes para a evolução humana e para o avanço da medicina. Porém, reduzir os alimentos aos nutrientes que eles possuem e isolá-los de forma a “melhorar” nossa saúde, não me parece que funciona. A segmentação do alimento, assim como a segmentação de todo o sistema alimentar, nos afasta de uma visão holística e globalizada. O risco desta visão moderna, cartesiana nos distancia da noção de causa e efeito e da compreensão de que tudo está interligado, nos eximindo de qualquer culpabilidade pelo estado das coisas.

A importância do todo

Como escrevi no início deste texto, é muito difícil atualmente sabermos se estamos fazendo as escolhas certas em relação ao nosso consumo. Porém, essa consciência do todo está cada vez mais presente. A noção que somos a única espécie animal que não têm um indivíduo igual ao outro, que temos uma diversidade ímpar, mas que, ao mesmo tempo, precisamos nos unir como um ser único para impedir a nossa extinção, é urgente.

Assim como seres humanos, nutrientes isolados não funcionam. Os alimentos vêm da natureza, que é perfeita. Os nutrientes que existem dentro de um alimento interagem entre eles e proporcionam diferentes efeitos quando ingeridos juntos. Ao separá-los, estamos diminuindo sua potencialidade. Por isso, acredito que , quanto mais comermos alimentos com menos processamentos, melhor. Mais íntegro e potente ele estará. Seu resultado sobre nosso organismo será melhor e mais benéfico.

Isso significa que devemos negar a ciência? Claro que não. Mas, podemos aproveitar os conhecimentos científicos para outros fins e a potencialidade da natureza de forma integral. Por isso, a importância do resgate de saberes ancestrais, para que nossa jornada terrena possa seguir adiante.

E, como sempre digo, cozinhar com as crianças é uma bela pedida para começar uma transformação de consciência e hábitos de consumo. Nossos e deles!
 Veja essa receita com ingredientes deliciosos para este inverno!

RECEITA CREME DE ABÓBORA COM BATATA DOCE E CASTANHAS

INGREDIENTES

● 4 batatas-doces pequenas 


● 1 abóbora cabotiá pequena 


● 1⁄2 cebola picada 


● 1 colher de sopa de azeite de oliva 


● 3 colheres de chá de gengibre picado 


● 5 cravos 


● 1 colher de café de canela 


● 1 colher de chá de sal marinho 


● 1 punhado de castanha de caju torrada 


● água 


MODO DE PREPARO 


1. Descasque e corte a batata-doce e abóbora em pedaços médios. 


2. Aqueça o azeite em uma panela, adicione a cebola e o gengibre e refogue por 
alguns minutos até dourar. 


3. Acrescente os legumes, sal, cravo e canela e cubra com água. 


4. Deixe ferver e cozinhe em fogo baixo por 20 minutos com a panela tampada. 


5. Desligue o fogo e acrescente a castanha. Bata tudo no liquidificador com a 
água do cozimento (você pode ou não precisar de toda a água, depende da 
consistência que você deseja para a sopa). 


6. Decore com uma pitada de canela, sementes de abóbora ou as próprias 
castanhas. 


Você pode acessar outras receitas no site Comida e Cultura e conhecer mais do nosso trabalho no @projetocomidaecultura e no canal de youtube Comida e Cultura

A chef Ariela Doctors

*Ariela Doctors é chef, comunicadora e mãe

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