A morte do marido por causa da Covid abalou a estrutura familiar que encontrou na atividade física uma forma de superar o trauma
Redação Papo de Mãe Publicado em 01/05/2022, às 06h00
Marilene Ferreira, tem 62 anos, e é mais uma das viúvas da Covid. O marido foi vítima da doença há cerca de seis meses. O filho, o personal trainer João CarlosFerreirachegou a ficar doente na mesma época, mas conseguiu vencer a Covid para ajudar a mãe a superar o trauma.
“Eu insisti para que ela tivesse uma experiência com a musculação. Sempre falei que musculação não é só para quem quer ficar forte, mas também é importante para quem precisa cuidar da saúde, para tratar e até mesmo evitar certos tipos de doenças crônicas, principalmente para os mais idosos”, revela JC, como é conhecido pelos amigos.
Dona Marilene aceitou o desafio de incluir a prática de exercícios na rotina. Mas também aproveitar a oportunidade para estar mais perto do filho e lutar contra a solidão.
“O meu maior desafio foi mexer nos aparelhos, acreditava que era bem difícil manusear. Meu filho foi me orientando no início me dando aulas particulares para me ajudar na adaptação e hoje eu vejo que é muito fácil fazer os exercícios nos aparelhos. A minha rotina de treino é de três a quatro vezes por semana com treino aeróbico e musculação”, conta a mãe de JC, que tem apenas dois objetivos: melhorar as dores na coluna e controlar a hipertensão.
Sua mãe iniciou os exercícios físicos fortalecendo abdômen, quadril e lombar, mirando no objetivo de preparar o corpo para realizar os exercícios de pernas e braços. Após isso, foi incluído os exercícios focados nos membros inferiores e superiores para o ganho de massa muscular. E exercícios aeróbicos para diminuir o percentual de gordura, e ter, como consequência, um controle melhor da hipertensão arterial.
“Para as pessoas com o objetivo parecidos com o da minha mãe eu aconselho fazer a prancha e abdominal supra curtinho para fortalecer o core, exercícios aeróbicos de baixa intensidade para melhorar o condicionamento físico e redução do percentual de gordura. E exercícios como puxada, remada, agachamento adaptado, supino, cadeira extensora e flexora para o ganho de massa muscular. É importante priorizar as máquinas para garantir uma melhor segurança nessa fase inicial”, aconselha.
JC conta que ajustou a sua própria agenda para incluir a mãe na sua rotina de exercícios diários. E essa aproximação com a mãe também tem ajudado a enfrentar o luto com a morte do pai. “No início, eu dava as aulas para ela nos dias de folga e depois que ela começou a se adaptar melhor às rotinas da atividade física, eu passei a treinar junto com ela. Agora, virou a minha parceira de treino! não só nos fins de semana, mas também e durante a semana, quando estou disponível”, conta.
Demorou, mas Dona Marilene entendeu que fazer academia significa não só melhorar o próprio corpo, mas trazer bem-estar físico e mental e se fortalecer para enfrentar os desafios do envelhecimento.
“Eu pensava que era perigoso por causa dos meus problemas de coluna e que os exercícios fossem pesados demais. Uma vez o médico disse que eu não podia fazer academia por causa da coluna. Mas o meu filho disse que a musculação vai mudar o meu estilo de vida, melhorar as dores na coluna e controlar a minha pressão arterial. Então eu resolvi acreditar no meu filho. Sempre fomos bem próximos e agora ficamos mais ainda”, diz a mãe de JC que se emociona a falar sobre o filho.
“Ser mãe é uma dádiva de Deus. Não tem explicação. É cuidar, amar e estar presente, mesmo estando longe. É uma grande oportunidade estar mais perto e ser a nova companheira dele! Admiro bastante o amor que ele tem pelo trabalho”.
João Carlos conta que sua mãe é outra depois de ter começado a treinar e a cuidar de si. “Hoje ela já está até mais feliz, indo treinar com mais vontade e empenho, já está comprando roupas novas para treinar. Ela está animada e muito feliz por saber que pode contar comigo, que eu estou por perto para incentivá-la”, diz ele ao perceber que cumpriu com o objetivo inicial, cuidar de sua mãe.
“Ela treina, vai para a igreja, é um suporte na minha alimentação, cuida da neta e cuida da casa. Essa é a minha grande guerreira", conclui.
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