Os riscos da Covid-19 em mulheres grávidas são bem maiores do que nas não grávidas. Neste artigo, a ginecologista e obstetra Tatiana Marchesi traz números e pesquisas
Dra. Tatiana Provasi Marchesi* Publicado em 02/05/2021, às 00h00
Desde a instauração da pandemia de Covid-19 no ano passado, estudos no mundo todo buscam medir os impactos e determinar quais são os grupos que mais correm risco se contraírem a doença. Recentemente, o Ministério da Saúde pediu que as mulheres adiassem, se possível, a gravidez até que a pandemia apresentasse uma melhora.
O pedido levantou algumas dúvidas sobre os riscos que mulheres grávidas têm se forem contaminadas pelo novo coronavírus. De acordo com os últimos estudos, o número de complicações em gestantes é cerca de 2 a 3 vezes maior se comparado às mulheres não grávidas da mesma faixa etária. Contudo, esse aumento de risco não é tão grande em números absolutos.
A verdade é que quando uma grávida se infecta com alguma doença, as chances de complicações sempre são maiores do que se ela não estivesse grávida. Inclusive, temos outros vírus conhecidos há mais tempo e potencialmente muito mais graves para esse grupo, como citomegalovirus, Zika Vírus ou H1N1.
De acordo com os dados divulgados pelo Up to Date – uma ferramenta de atualização médica de prestígio – as complicações mais comuns em grávidas que se infectam com o novo coronavírus são:
– Taxa de admissão em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é 2,5 vezes maior em grávidas (1%), se comparada às mulheres não grávidas (0,4%) da mesma faixa etária;
– A necessidade de intubação orotraqueal é 3 vezes maior em gestantes (0,3%), se comparada às mulheres não grávidas (0,1%);
– A mortalidade também sofre aumento de 0,12% para 0,15%, considerando 1,5 em cada 1000 para mulheres grávidas e 1,2 em cada 1000 para mulheres não grávidas)
– A prematuridade aumenta em 3%, sendo 13% para mulheres grávidas infectadas contra 10% de mulheres não grávidas também contaminadas;
– Já a trombose apresenta aumento de 0,47%.
Entretanto, mesmo que os números absolutos não sejam tão intimidadores, é importante que as mulheres grávidas redobrem os cuidados e se protejam durante a gestação e por 40 dias após o parto, quando ainda se considera uma maior suscetibilidade às complicações da doença.
Na semana passada, o Ministério da Saúde encaminhou uma nota técnica para orientar os estados a incluir todas as grávidas e mulheres no período pós-parto no grupo prioritário para receber a vacina contra a Covid-19. A recomendação é que as mulheres deste grupo que tenham doenças pré-existentes sejam vacinadas em primeiro lugar.
Ainda que a segurança e eficácia das vacinas não tenham sido testadas nesse grupo, imunizantes de vírus inativos e partículas virais já são utilizadas por mulheres grávidas no calendário comum. A iniciativa também considera levantamento de evidências sobre recomendações nacionais e internacionais de vacinação em gestantes, puérperas e lactantes, com grandes órgãos defendendo a imunização desse grupo.
É importante destacar que a vacinação deverá ser feita independentemente da idade gestacional e o teste de gravidez não deve ser pré-requisito. Além disso, lactantes vacinadas não deverão interromper o aleitamento.
Para consultar o calendário de vacinação do Estado de São Paulo, acesse o site www.vacinaja.sp.gov.br.
Dra. Tatiana Provasi Marchesi se formou em medicina pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), em Uberaba, e tem duas residências médicas pela Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (FAMERP), sendo uma em ginecologia e obstetrícia e outra em ultrassonografia obstétrica e ginecológica.
Apaixonada pelo universo feminino, Dra. Tatiana possui títulos de especialista nas duas áreas pela Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia e pelo Colégio Brasileiro de Radiologia.
Atualmente, atende em seu consultório na clínica Humanitá Araraquara, onde segue no propósito de prestar assistência humanizada e integrativa à mulher e ao nascimento.
*Dra. Tatiana Provasi Marchesi é ginecologista e obstetra