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A matemática na natureza – parte 2

Há uma associação clara entre a “criação” do universo, e do homem, com a criação da matemática? A matemática sempre esteve na natureza? Entenda.

César Luiz de Matos* Publicado em 31/03/2022, às 08h40 - Atualizado às 09h00

A matemática está mais presente em nosso cotidiano do que imaginamos
A matemática está mais presente em nosso cotidiano do que imaginamos

No artigo anterior foi proposto uma reflexão sobre a origem do nosso sistema de numeração decimal, que usou como referência os 10 dedos que temos nas mãos, e como conseguimos replicar com os números as relações que encontramos na natureza. Algumas teorias evolucionistas também apontam como um fator primordial para a “sucesso” da raça humana justamente o fato de sermos equipados com 10 dedos, o que nos permite uma destreza manual avançada para realizar tarefas complexas.

Seria tudo mera coincidência? Relação de causa e efeito, 10 dedos, sistema decimal, destreza manual, replicação de proporções da natureza com os números, desenvolvimento de sistemas avançados baseados em cálculos, conhecimento para observar e explorar o universo e que pode nos salvar ou nos destruir... podemos concluir que toda nossa evolução está intimamente ligada a essa relação.

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Um outro exemplo muito emblemático de como podemos replicar as situações e proporções da natureza utilizando os números, é o de uma relação conhecida como “proporção áurea” ou “número dourado” ou ainda “proporção divina”. Essa relação foi observada pelo matemático e filosofo grego Pitágoras aproximadamente 500 anos antes de Cristo e posteriormente estudada e utilizada por diversos pensadores ao longo dos séculos e até a atualidade. Pitágoras observou que traçando as diagonais em um pentágono regular surgia a figura do pentagrama, com a qual ele teve especial atenção, estudo e admiração, tanto que esse passou a ser uma espécie de “símbolo” dos seus discípulos na época. Para Pitágoras, o pentagrama era o símbolo do himeneu celeste: a fusão da alma com o Espírito. Ele dava ao número cinco o nome de “número do homem no microcosmo”, e observou que a razão entre seus segmentos sempre se aproximava do valor 1,618..., a tal “proporção áurea” que citamos no início.

O pentagrama, símbolo do himeneu celeste para Pitágoras
O pentagrama, símbolo do himeneu celeste para PitágorasCaption

Acontece que milhares de anos após o estudo dessas relações, um outro matemático, Leonardo de Pisa, mais conhecido como Fibonacci, em um estudo sobre a proporção do crescimento de população de coelhos, observou que a partir de um casal foi se dando origem a mais um casal, depois 3, 5, 8 e assim por diante. E a partir dessa observação determinou então uma das sequências mais clássicas da matemática, a “sequência de Fibonacci”: 0, 1, 1, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, 89, ... que sempre podemos calcular o próximo termos simplesmente somando os dois termos anteriores.

Agora vem a grande sacada, a grande “coincidência”, a mágica que coloca as relações físicas, as proporções observadas na natureza ao alcance da ponta do nosso lápis, utilizando apenas os números. Repare bem, se dividirmos cada número da sequência de Fibonacci pelo seu antecessor, por exemplo, 89 / 55 surge nosso número dourado ou proporção áurea: 1,618, e quanto mais evoluímos na sequência, maior a aproximação do valor a proporção observada nas figuras geométricas!

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Além disso, essa proporção é observada em várias configurações biológicas, como a espiral da concha náutilus, disposição dos galhos das árvores, no cone do abacaxi, desenrolar das samambaias etc.

Sendo assim podemos concluir nossa reflexão com uma associação clara entre a “criação” do universo, e do homem, com a criação da matemática, e mais ainda, se o universo sempre existiu, será que a matemática também sempre existiu, e nosso papel é apenas de “descobridores” e não de “criadores” ... reflexões do universo da “Matemágica”!!!

A espiral da concha náutilus
A espiral da concha náutilus

*César Luiz de Matos é licenciado em Matemática e Pedagogia, pós-graduado em Psicopedagogia, MBA em Engenharia de Qualidade e Gestão de Negócios, e atua há 30 anos como professor e consultor.

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