Ariela Doctors fala sobre biodiversidade e qual a importância de falarmos com nossas crianças sobre preservação do meio ambiente
Ariela Doctors* Publicado em 11/08/2021, às 07h00
Certamente você já ouviu falar da importância da conservação ambiental. Este termo vem sendo desenvolvido há algumas décadas por ambientalistas e alguns cientistas. Porém, ela estava associada a um espectro restrito de ações, como a criação de áreas de proteção ambiental e a preservação de algumas poucas espécies de animais emblemáticos ameaçadas de extinção, como o mico-leão-dourado ou a arara-azul.
Porém, as mudanças climáticas, cada vez mais bruscas; a morte de diversos animais marinhos por meio de ingestão de plásticos e outros resíduos tóxicos; a proliferação de vírus perigosos que não conseguimos deter nos dão sinais que alguma coisa está fora da ordem.
A desconexão entre natureza e humanidade hoje ameaça muitas formas de vida, inclusive a nossa.
Ao longo dos anos, a conservação ambiental adquiriu novas abordagens e conceitos e hoje, é possível entender a conexão que existe entre o ambiente e a nossa mesa. É aí que mora a biodiversidade ou, ao menos, deveria morar.
Ficamos rendidos à indústria da alimentação que nos apresenta, na maioria das vezes, mais do mesmo. Muitos produtos processados diferentes têm por base os mesmos insumos, como a farinha branca, sal ou açúcar, milho ou soja.
O termo biodiversidade retrata a riqueza e a variedade do mundo natural. São plantas, animais e microrganismos que fornecem alimentos, remédios e boa parte da matéria-prima industrial consumida pelo ser humano. Não se sabe quantas espécies vegetais e animais existem no mundo. As estimativas variam entre 10 e 50 milhões, e até agora os cientistas classificaram e deram nome a somente 1,5 milhão de espécies. Entre os especialistas, o Brasil é considerado o país da "megadiversidade": aproximadamente 20% das espécies conhecidas no mundo estão aqui, principalmente na Amazônia.
Reconhecer a origem dos alimentos, ressignificar e potencializar os alimentos da nossa biodiversidade local cozinhando, é uma das maneiras que temos de fazer parte deste movimento mundial de conservação ambiental. Ao cozinhar, estamos nutrindo não só o nosso corpo, mas também sabores e saberes ancestrais que podem dar significado às nossas vidas e a vida de nossas filhas e filhos. Sem dúvida, as crianças percebem a diferença entre um alimento comprado pronto, processado ou ultraprocessado, de um alimento feito em casa, fresco. Noções de acolhimento, memória, afeto, história e cultura são transmitidas para as novas gerações por meio do alimento e da comensalidade.
Manter as tradições, neste sentido, não tem conotação conservacionista. Muito pelo contrário, tradição e biodiversidade se unem no sentido mais contemporâneo possível de preservação da nossa espécie e do ambiente em que vivemos.
Trazer curiosidades sobre o alimento ao comermos com as crianças, pode ser uma abordagem prazerosa e instigante. Toda criança adora uma boa história. Saber de onde vem os legumes que estamos comendo, quem foi que pescou o peixe do almoço ou como se dá o processo de obtenção da tapioca a partir da mandioca, podem ser assuntos surpreendentemente acolhidos pelos olhares e ouvidos atentos dos pequenos.
Que criança não quer ouvir a história de como sua bisavó fazia aquele bolo delicioso, passado de geração em geração?
Você pode aproveitar para convidá-la a fazer junto! Aqui vai uma inspiração que recebi da minha querida avó, Anita!
1. Pré-aqueça o forno a 200 °C. Unte a forma ou a assadeira que vai levar ao forno com manteiga.
2. Prepare o topo crocante: Misture os açúcares e a canela em uma tigela de tamanho médio. Adicione a manteiga e mexa bem. Em seguida, coloque a farinha e use um garfo para misturar mais, até formar migalhas grandes e ligeiramente farinhadas. Reserve.
3. Na batedeira, bata a manteiga e os açúcares juntos a uma velocidade média-alta até ficar fofo e leve. Adicione os ovos, um de cada vez, e bata até incorporá-los bem à mistura. Adicione a baunilha.
4. Acrescente a farinha, o leite e o creme de leite, em velocidade baixa, intercalando. Acrescente o sal, o bicarbonato de sódio e o fermento.
5. Transfira a massa para a forma ou assadeira e cubra com as migalhas da mistura de açúcar com canela.
6. Asse o bolo por 40-45 minutos até que você faça o teste do palito para verificar se está pronto. Se os farelos de açúcar dourarem muito antes do bolo estar pronto (isso depende do seu forno), cubra o topo com papel-alumínio.
7. Depois de pronto, deixe o bolo arrefecer até à temperatura ambiente. Você pode acessar outras receitas no site Comida e Cultura e conhecer mais do nosso trabalho no @projetocomidaecultura e no canal de youtube Comida e Cultura
*Ariela Doctors é chef, comunicadora e mãe