É necessário informar as crianças sobre as notícias e tragédias da atualidade, mas sempre buscando formas apropriadas para sua idade e maturidade
Larissa Fonseca* Publicado em 12/03/2022, às 10h00
O acesso às informações hoje em dia vem de muitas fontes e nem sempre é possível controlar tudo o que chega às crianças.
Todos os dias, notícias e informações que elas ainda não têm condições de compreender pelo contexto em que estão inseridas são jogadas sobre elas. Muitas vezes, são as próprias crianças que nos pedem essas informações.
Portanto, devemos sim falar com as crianças sobre os acontecimentos, mas temos que ter muito cuidado com os detalhes muitas vezes sensacionalistas, que as impressionam.
O bom senso vale na hora de passar a informação ou permitir que a criança assista a algum programa de televisão.
O importante é não desinformar a criança para que ela não se torne alienada, ao mesmo tempo em que seu envolvimento com as notícias seja feito de modo apropriado para sua idade e maturidade. Os noticiários normalmente são dirigidos ao público adulto e é recomendável poupar os pequenos do noticiário destes dias.
Que bom seria se pudéssemos poupar nossos filhos desse clima de tragédia e sofrimento, mas essa é uma impossibilidade que os pais devem encarar como tal.
Ocultar a origem das preocupações adultas pode parecer uma atitude menos prejudicial a ser tomada, no entanto, isso é inviável, dado que o universo infantil já recebe a rede de informações públicas.
Além disso, as crianças se comunicam diretamente com as emoções de seus pais e dos adultos que dela cuidam, assim, elas sentem e percebem quando há alguma tensão no ar.
Diante do inevitável, o melhor a fazer é sempre falar a verdade para a criança, explicando os acontecimentos à ela recorrendo a palavras e recursos que a auxiliarão a nomear as sensações desconfortáveis que ela vai experimentar ao longo da vida, como no caso a perda, a tristeza, o medo, a angustia e a morte.
A complexidade da explicação deverá estar de acordo com a maturidade da criança.
Para crianças mais novas vale uma conversa mais rápida e menos detalhada, com os mais velhos e indagadores, é muito construtivo dialogar, explicar, questionar sobre suas percepções a respeito do que tem ouvido, enfim.
Ter disponibilidade para ouvir o que as crianças têm a dizer é uma ótima fonte para guiar suas intervenções pois você partirá daquilo que ela está sentindo e percebendo da situação.
*Larissa Fonseca é Pedagoga e NeuroPedagoga graduada pela USP, Pós Graduada em Psicopedagogia, Psicomotricidade e Educação Infantil. Autora do livro Dúvidas de Mãe.
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