Entre soros antiofídicos e desenvolvimento de vacinas, Instituto Butantan leva a ciência de forma lúdica e acessível para as crianças. Confira a entrevista com o diretor do Museu Biológico
Sabrina Legramandi* Publicado em 20/07/2021, às 13h39
O Instituto Butantan está atuando, diretamente, no combate à pandemia com a produção de vacinas contra o novo coronavírus. Antes disso, ele também era muito conhecido pela produção de soros antiofídicos, os famosos “antídotos” contra o veneno das cobras. Mas você sabia que a história do Instituto começou há 120 anos para combater o surto de outra doença? E, melhor ainda: que você pode ter a oportunidade de estar em contato com todas as iniciativas científicas que estão sendo produzidas lá?
Foi pensando em ampliar o acesso à ciência que o Instituto está com uma programação especial em julho voltada para o público infantil e também para os adultos. O “Férias no Butantan” acontecia de forma presencial, mas, por conta da pandemia, oferece diversas atividades lúdicas de maneira online.
Dentre os eventos, estão o chá revelação de um dos filhotes que acabou de nascer no Macacário, uma atividade que vai ensinar a construir a representação de um vírus com materiais caseiros e, é claro, uma live que contará sobre o desenvolvimento da ButanVac, a vacina brasileira do Butantan contra a Covid-19.
Além disso, também foi apresentado o novo “Parque de Ciências”, um grande programa de divulgação científica. “Nós somos um parque, um centro de cultura e, colocando isso no guarda-chuva ‘Parque de Ciências’, a gente tem uma organização ainda maior”, conta Giuseppe Puorto, diretor do Museu Biológico do Instituto.
Todas as atividades estão sendo divulgadas, diariamente, nas redes sociais do Butantan, mas a programação completa pode ser acessada por aqui. Algumas delas concederão certificados de participação e todas contarão com tradução em Libras.
Papo de Mãe – Conte um pouco sobre a história e sobre como surgiu o Instituto Butantan.
Giuseppe Puorto – Sabemos que o Instituto Butantan está em alta em função da CoronaVac. Porém, ele é um órgão de saúde pública que atua há 120 anos. O Butantan foi criado, não pelas cobras, mas em um cenário paulista, brasileiro e mundial por conta de um problema de saúde que aconteceu no final do século retrasado: a peste negra. Ele foi criado para solucionar o problema e conseguiu solucionar.
PM – Por que o Butantan passou a pesquisar vacinas? Como vocês trarão informações sobre as que combatem a Covid-19 no evento?
GP – Após resolvermos o problema da peste negra, nós migramos para o estudo das serpentes por interesse de Vital Brasil, nosso idealizador, diretor e primeiro cientista.
O Butantan ampliou suas ações e hoje atuamos muito na pesquisa de vacinas.
Quando surgiu a questão da pandemia, tínhamos o dever moral e cívico de entrar nisso pela nossa própria história – e entramos. Para divulgar ações que estávamos fazendo, inclusive em parceria com a China, nosso canal de comunicação deu início a uma série de esclarecimentos ao público, principalmente porque existe, dentro da população, grupos que não aceitam vacina. E não apenas da CoronaVac: grupos que não aceitam nenhuma vacina.
Nós, como instituição pública, queríamos mostrar e viemos mostrando a importância da vacinação. As atividades educativas que estamos fazendo agora também têm espaço para informações sobre as vacinas.
É uma ação virtual aberta sobre tudo aquilo que o Butantan faz, tanto da parte de animais, de soros, como da vacina também. Nós vamos ter uma atividade totalmente dedicada a essa questão. No dia 28, vamos ter a visita virtual à fábrica da produção de soros e vacinas do Instituto Butantan.
PM – Por que as atividades são focadas no público infantil?
GP – Porque o público infantil aprende e ajuda a divulgar as coisas, principalmente quando compreende a ciência de modo lúdico. A criança é um agente multiplicador das ideias: se uma criança aprende que a vacina é importante, por exemplo, ela ensina isso para os seus pais. Gostaríamos muito que todas as que nos visitam entendessem o valor da ciência e o quanto ela está envolvida diretamente na nossa vida. Quem sabe, dentro desses visitantes, não surjam até futuros cientistas.
De cada 100 crianças que passam por aqui, se uma se interessar pela ciência e virar um cientista amanhã, nós ficamos felizes porque atingimos o nosso compromisso e a nossa ideia.
Não há necessidade de que todos se interessem por ciência, mas que se perceba a importância da ciência, principalmente aquela que produzimos no Butantan.
PM – Se você pudesse dizer um motivo para que um pai ou uma mãe incentivasse o filho a participar das atividades, o que você diria?
GP – Queridos pais, queridas mães, nós estamos vivendo uma situação diferente e estamos aprendendo a lidar com ela. O Butantan faz ciência, o Butantan faz diversão, o Butantan faz informação. Se você puder deixar o seu filho, nesse momento, participar das atividades educativas, é muito importante. Quando o parque reabrir e nós fizermos atividades presenciais, traga seu filho também. Você, como pai e como mãe, participe e veja quanta coisa boa conseguimos transmitir de forma lúdica, de forma divertida, de forma agradável. Não somos uma escola, mas somos um local onde se gera conhecimento. Apoie seu filho nessa iniciativa.
*Sabrina Legramandi é repórter do Papo de Mãe