Como definir o que são alimentos saudáveis e quais não são saudáveis? E qual a importância de as crianças terem esta consciência desde cedo?
Ariela Doctors* Publicado em 28/07/2021, às 07h00
Alimentar alguém envolve muitas questões. No caso das crianças, nosso olhar tem de ser bastante cuidadoso. Diversas pesquisas científicas nos mostram que os hábitos alimentares são formados na primeira infância.
A alimentação infantil vai muito além dos nutrientes, calorias e vitaminas. Ela envolve também novas sensações e descobertas. Ao compartilharmos uma refeição com nossos filhos e filhas temos de ter atenção para não apresentarmos os alimentos apenas como vilões ou mocinhos, criando tabus que podem se transformar em verdadeiros monstros no universo fantástico das crianças. Ou, por outro lado, produzir verdadeiros objetos de desejo, visto que são proibidos e, por isso mesmo, mais cobiçados.
As crianças são “esponjinhas” que absorvem por meio da observação e da própria experiência A melhor maneira de introduzir uma alimentação saudável na infância é no dia a dia, na rotina alimentar dentro das nossas casas. É muito importante estabelecer um ritmo para alimentação.
Por exemplo, manter o mesmo número de refeições diárias em horários minimamente pré estabelecidos. Além disso, reservar um tempo para este momento, num ambiente agradável, sem telas ou interferências externas também faz a diferença. É surpreendente como as crianças aprendem observando. Se na sua casa existe este olhar valoroso para alimentação, seguramente por meio da experiência elas entenderão a importância do tema.
Não adianta falarmos que tal alimento é bom e outro ruim. Dizer que é importante comer frutas, legumes e verduras e é ruim comer salgadinhos, muito açúcar ou refrigerantes. Não surtirá efeito. O truque é vivenciar o dia a dia desta forma. Por exemplo, se em casa sempre tiver verduras, frutas e legumes, e a família toda comer com prazer, as crianças também seguirão os passos dos mais velhos e entenderão que esses alimentos devem ser preferidos.
Além de fazer da refeição um momento especial, você pode convidar a criança para a experiência mágica da transformação dos ingredientes. Quem disse que lugar de criança não é na cozinha? Com os devidos cuidados e acompanhamento de familiares, a cozinha pode e deve ser lugar de criança!
Criando uma ambiente seguro, podemos quebrar os paradigmas tradicionais da educação e deixar que a criança torne-se protagonista do seu conhecimento dentro de uma “cozinha laboratório”. Nosso papel, como pais e mães, é de trazer diferentes materiais, insumos e elementos para pesquisar. Propor para as crianças sentirem diferentes aromas, texturas e sabores. Com isso, elas podem fazer suas próprias descobertas e ampliar o seu repertório.
Tudo isso pode acontecer a partir de 1 ano de idade. Os bebês e as crianças bem pequenas têm a capacidade de misturar, experienciar consistências (sólidos e líquidos), provar e sentir os sabores, reconhecendo capacidades, conquistas e também suas limitações.
A partir de 4 anos, com a supervisão de um adulto e os utensílios adequados (facas sem ponta, raladores e descascadores grandes...) a criança já pode cortar, ralar, refogar, investigar e degustar as possíveis transformações do alimento, observando suas propriedades.
Ao final, temos sempre um delicioso prato feito colaborativamente para ser degustado. Assim, cria-se um laço afetivo da criança com o alimento, com o ato de comer e compartilhar. A comida é um instrumento poderoso de educação e transformação! Aqui vai uma deliciosa receita de férias para fazer com os pequenos!
● 500g de Polvilho azedo
● 100ml de óleo de soja
● 300ml de água (um copo)
● 2 ovos
● 1 colher de sopa de sal
1. Junte em uma panela o óleo, água e sal e leve ao fogo para dar fervura.
2. Ao começar a ferver, colocar sobre o polvilho e misturar.
3. Acrescente os dois ovos e misture mais um pouco (obs: a massa ficará um pouco mole mesmo)
4. Coloque a massa sobre uma pedra e amasse adicionando polvilho aos poucos até começar a soltar das mãos e da pedra que esse é o ponto.
5. Agora enrole a massa fazendo biscoitinhos não muito grossos pois ela cresce ao fritar (esse momento de modelar as crianças adoram!)
6. Frite em óleo (fritura de imersão) ou leve ao forno preaquecido à 180oC por 25 minutos.
SEGREDO: Colocar no fogo a panela com o óleo para fritar e quando começar a esquentar coloque os biscoitos. Não deixe o óleo esquentar muito pois é isso que faz os biscoitos espirrarem óleo para todo canto. Ele tem de estar só um pouco quente (um minuto no fogo). Agora é só esperar os biscoitos dourarem, sempre virando eles, tirar do fogo e bom apetite!
Você pode acessar outras receitas no site Comida e Cultura e conhecer mais do nosso trabalho no @projetocomidaecultura e no canal de youtube Comida e Cultura
*Ariela Doctors é chef, comunicadora e mãe