É necessário que a primeira infância faça parte dos planos de governo dos municípios
Marisa Marega* Publicado em 18/01/2021, às 00h00 - Atualizado às 13h13
A Fundação Maria Cecília Souto Vidigal trabalha desde 2007 com a atenção voltada para a primeira infância por acreditar que investindo nos pequenos a sociedade está apostando na geração futura. Para tanto, a instituição resolveu contatar os governantes municipais a fim de que através de políticas públicas seja possível atender a todas as crianças.
Para se ter uma ideia da importância de cuidar da infância, é nos seis primeiros anos de vida que se formam 90% das conexões cerebrais e para cada dólar investido nessa faixa de idade o retorno futuro é de seis dólares.
Heloisa Oliveira, diretora de Relações Institucionais da Fundação, explica que desde as eleições a entidade realiza um trabalho para conscientizar sobre a importância da primeira infância. Os prefeitos dos 5544 municípios brasileiros receberam nos primeiros 15 dias do ano uma carta da instituição para que as gestões participem do projeto dos cem dias.
“Através do site Primeira Infância Primeiro (PIP) realizamos um levantamento e descobrimos que 23 das capitais tinham políticas expressas voltadas para a primeira infância. A partir daí, definimos como objetivo garantir a primeira infância no PPA (Plano Plurianual) das capitais e focar nos cem primeiros dias de governo para que todos os municípios possam melhorar a realidade através de uma abordagem local. No site colocamos à disposição dos gestores a série “100 dias: os primeiros passos pela primeira infância”, com a publicação de quatro guias práticos: Educação Infantil, Gestão e Orçamento, Parentalidade e Saúde, além de um volume especial sobre volta às aulas com segurança na pandemia.”
A série coloca informações no site para que gestores municipais, assessores e educadores possam acessar os materiais e usá-los nesses primeiros três meses de governo a fim de que realizem seus planejamentos e definam suas políticas, priorizando a primeira infância.
O guia prático de Educação Infantil oferece algumas orientações para apoiar as prefeituras em questões da oferta e qualidade de educação infantil. Ele está dividido em duas partes: a ampliação do acesso (tanto à creche como à pré-escola) e a qualidade do atendimento. O material detalha pontos que podem fundamentar as decisões da prefeitura.
A edição de Gestão e Orçamento orienta como os municípios podem ter organização, planejamento e integração de esforços para estruturar as melhores políticas para a primeira infância. Com isso, a prefeitura otimiza a aplicação de recursos e aumenta a eficiência das ações.
Já o guia da Parentalidade aborda orientações de políticas públicas, programas e ações que possam garantir aos pais e cuidadores as condições para potencializar o desenvolvimento das crianças, do nascimento aos seis anos. A Fundação pretende com esse material fortalecer práticas e comportamentos positivos que mostram a importância de estímulos adequados na primeira infância. Isso se refletirá no futuro da criança.
Na edição sobre Saúde, a instituição identifica as ações necessárias para garantir a atenção às gestantes e às crianças desde o nascimento e durante toda a primeira infância. O objetivo é que os gestores possam avaliar se a solução para os principais problemas da saúde no município está sendo encaminhada.
Heloisa Oliveira explica que ao fim dos cem dias será realizado um balanço para medir a assertividade da plataforma e o site oferecerá um modelo de balanço para prestação de contas.
“Com isso, teremos indicadores gerais dos quatro guias e cada município poderá acompanhar as melhorias realizadas através desses indicadores. Nosso objetivo é ajudar os municípios na implantação de políticas de como fazer, como aproveitar a janela de oportunidade e defender a primeira infância para evitar problemas futuros. A ideia é ajudar os municípios a cumprir o papel de cuidar da primeira infância. A cidade boa para viver e aquela boa para toda a sociedade.”
Site: https://primeirainfanciaprimeiro.fmcsv.org.br/100-primeiros-dias/
*Marisa Marega é jornalista