Como você vê a volta às aulas em tempos de Covid-19? Como fica a alimentação de crianças que dependem da alimentação escolar para não ficarem desnutridas? Receita de milho na brasa no final
Ariela Doctors* Publicado em 10/02/2021, às 00h00
Uma das célebres frases de Oswald de Andrade “Nossa existência só faz sentido no encontro” nunca foi tão sentida na pele…
Mas, que tipo de encontros esperamos ter em meio a esta crise sanitária sem precedentes?
Nesta semana, milhares de pais, mães e crianças enfrentam uma outra crise, a de ansiedade em relação à volta às aulas presenciais.
E, infelizmente, a responsabilidade desta decisão recaiu sobre nós.
Devemos priorizar a saúde e a crise sanitária? Ou a saúde mental das crianças? Seria simples assim?
É claro que todos – famílias, educadores e sociedade, desejam um retorno à normalidade. Que não precisássemos optar entre saúde ou educação, até porque sabemos que ambas são essenciais. Esta não deveria ser uma questão de vontades ou opções, mas sim uma questão de estratégia governamental.
Por que não priorizar a abertura de escolas ao invés da abertura do comércio? Por que não priorizar a vacinação de educadores e trabalhadores da rede de educação? Faz-se mais que necessárias políticas públicas que conduzam o país e seus cidadãos, promovendo segurança física e mental para todas e todos.
Segundo a Unicef, globalmente, 370 milhões de crianças deixaram de receber 39 bilhões de refeições (cerca de 40% das refeições escolares), desde o início da pandemia. Um claro sinal de alerta para o aumento da desnutrição infantil ao redor do mundo.
Aqui no Brasil, nós temos uma excelente política de estado criada na década de 70 e que vem se aprimorando ao longo do tempo.
O PNAE é o Programa Nacional de Alimentação Escolar que atende 160 mil escolas brasileiras, nos 5.570 municípios, atendendo mais de 41 milhões de estudantes, desde creches até o final do ensino médio.
Este programa é um claro exemplo de como é possível, com vontade e estratégia, numa única política pública, atender a vários setores da sociedade.
No âmbito educacional, os estudantes se nutrem e aprendem a comer melhor desde a infância. Além disso, o programa estimula a Agricultura Familiar com a compra de 30% dos insumos utilizados nas refeições, beneficiando 4,5 milhões de famílias no Brasil.
O programa ainda apoia o desenvolvimento social, já que milhares de famílias vulneráveis, que tem seu orçamento reduzido, podem economizar na compra de alimentos, pois seus filhos e filhas fazem ao menos uma boa refeição ao dia na escola. Funciona também como um indicador de economia, descentralizando os recursos federais para que cada município faça sua compra local, num círculo virtuoso de desenvolvimento benéfico.
Uma boa notícia é que no dia 10/02/2021 será lançado o ÓAÊ – Observatório de Alimentação Escolar, fruto de uma ação conjunta entre organizações da sociedade civil e movimentos sociais, que pretende monitorar e mobilizar a sociedade sobre a importância da alimentação escolar.
Então, podemos e devemos pensar que saúde, educação e alimentação são direitos essenciais que devem ser priorizados e tratados como tal por nossos líderes. Proteger as pessoas e recriar a segurança nacional deveria ser premissa determinante para sairmos da enorme crise que nos encontramos.
O retorno às aulas presenciais e a garantia da continuidade da educação é essencial e urgente. Porém, dependeria da priorização deste setor pelos governos em âmbito municipal e nacional com políticas públicas pertinentes.
Infelizmente, o que temos visto e vivido, como diria o mesmo Oswald, é que “A vida é uma calamidade a prestações”, mas tentando resgatar um certo otimismo que me é característico, cito uma vez mais o mesmo autor, que nos ensina a sermos pacientes e a continuar acreditando.
Relógio
“As coisas são
As coisas vêm
As coisas vão
As coisas vão e vêm
As horas
Vão e vêm
Não em vão”
Que este difícil momento da humanidade não seja em vão!
Enquanto isso, minha sugestão, como sempre, é cozinhar com nossas filhas e filhos!
Um momento de alegria e prazer em família para conversarmos sobre tantos temas que têm deixado insegura esta nova geração. Um momento para nos trazer tranquilidade, alimentando o corpo, a alma e o coração!
● 4 espigas de milho verde limpas
● 1⁄2 tablete de manteiga sem sal à temperatura ambiente (100 gramas)
● 1 colher (sopa) de castanha de caju picadinha
● 1 colher (sopa) de castanha-do-pará picadinha
● 1 colher (sopa) de castanha de baru picadinha
● 1 colher (sopa) de salsinha picada
● 1 colher (sopa) de cebolinha (francesa ou cebolete) picada
● Frigideira (ou churrasqueira)
● Pinça
● Colheres
● Prato
● Faca
● Tigela
● Tábua de corte
● Boleador de sorvete (opcional)
Você pode acessar outras receitas no site Comida e Cultura.
*Ariela Doctors é chef, comunicadora e mãe