O Papo de Mãe acompanhou o 1º Encontro de Inclusão do Parque da Mônica. O evento contou com palestras e adaptações no Parque que o tornaram mais acessível
Fernanda Fernandes e Maria Cunha* Publicado em 02/04/2022, às 16h00
“Lugar de autista é em todo lugar”. Esse é o tema do 1º Encontro de Inclusão do Parque da Mônica, que ocorreu hoje, 2 de abril, data em que se comemora o Dia Mundial de Conscientização do Autismo.
O encontro faz parte do Projeto Inclusão do Parque da Mônica, que tem como objetivo a implantação de ações e serviços de acessibilidade às pessoas com deficiência, ampliando o atendimento a todos os públicos com segurança.
Para estrear o programa, a Instituição aproveitou o importante dia de hoje para reunir profissionais, autoridades, especialistas e famílias para trocar experiências sobre inclusão e entretenimento, em um evento no Teatro do Parque.
Entre os presentes, estava Silvia Grecco, Secretária Municipal da Pessoa com Deficiência de São Paulo, ao lado de especialistas em inclusão, como Amanda Ribeiro, diretora da Incluir Treinamentos, Elaine Oliveira, psicóloga, Francisco Paiva, editor da Revista Autismo, e Joana Scheer, designer.
Os palestrantes falaram sobre a importância de atender autistas e suas famílias em parques de diversões, os desafios que precisam ser ultrapassados, e as iniciativas de lazer inclusivas. Além disso, foi comum a pauta das dificuldades e preconceitos que pessoas com TEA enfrentam ao longo da vida.
Vale ressaltar que, durante o dia, os visitantes que estiveram no Parque também puderam conferir outros debates e dicas de inclusão no salão de eventos do local.
Recentemente, o Parque da Mônica conquistou o Selo da Empresa Amiga do Autista e, cada vez mais, traz novas propostas inclusivas. Por isso, além das palestras, neste sábado também ocorreu o lançamento da Sala do Silêncio, um ambiente completamente adaptado para reduzir os efeitos de uma super estimulação sensorial, na qual pessoas com TEA podem se “reorganizar”.
O intuito dessa iniciativa é ajudar os familiares a aproveitarem melhor os passeios, evitando crises e estresse. O espaço acolhedor foi preparado com exclusividade para autistas, contendo uma estrutura silenciosa e produzindo um momento de descanso e conforto.
Fernanda Mascarim, coordenadora do Comitê de Acessibilidade do Parque da Mônica, conta ao Papo de Mãe que o Comitê foi criado em 2016 e, desde então, eles vêm trabalhando com diversas entidades para criar um ambiente de inclusão para todos.
“O parque tem muito estímulo e às vezes as crianças mediante essa exposição se desorganizam, como a gente costuma usar, então o pai vem para cá, tem um momento com seu filho, pode usar os brinquedos, e quando a criança se sentir à vontade ela volta para aproveitar o parque”.
Outra mudança importante no Parque da Mônica é a Hora do Silêncio. Criada há três meses, ela corresponde a um momento em que, todos os dias, na primeira hora de funcionamento, são reduzidos os estímulos sonoros e visuais. Tudo isso foi pensado para que os visitantes com espectro autista possam se ambientar da melhor forma e se acostumar com o que está ao seu redor.
O Parque também garante gratuidade do ingresso para crianças com TEA, de 2 a 17 anos, bem como cobra um valor especial de seus acompanhantes, o que torna a atração acessível para toda família.
Presença importante no evento, a Secretária Municipal da Pessoa com Deficiência de São Paulo Silvia Grecco é também mãe de Nickollas, que é cego e autista. Palmeirenses, os dois ficaram conhecidos pelas narrações que Silvia fazia dos jogos no estádio para o filho, sendo premiada pela Fifa, em 2019, como torcedora do ano. Em entrevista exclusiva ao Papo de Mãe, a Secretária não esconde o sorriso ao comentar as mudanças inclusivas do Parque.
“Eu estou muito feliz de saber que isso está existindo aqui hoje. Eu digo sempre, a gente não pode só convidar pro baile, tem que também colocar pra dançar, e é isso que eles estão fazendo, estão convidando e dando a oportunidade do espaço ser acessível a todos, permitindo que as crianças com autismo sejam acolhidas. Eu espero que isso seja replicado em outros parques e que outras pessoas tenham a mesma sensibilidade que o Parque da Mônica”.
Ela completa ao lembrar que é preciso capacitar o espaço para os autistas, já que muitos têm sensibilidade à luz e ao Sol. Assim, é necessário que os cinemas, por exemplo, tenham sessões que possam os acolher, com uma luz e um som diferenciados.
“Todo mundo tem direito a tudo, inclusive ao lazer. As pessoas precisam entender o que é o TEA, como lidar e poder implementar isso, porque vai ter um público grande pra estar participando dessas atividades de lazer”. (Silvia Grecco)
A mãe de Nickollas conclui ao comentar a importância do Dia Mundial de Conscientização do Autismo que, além de um dia de luta, é uma data essencial para dar visibilidade à causa.
“É muito bom que tenham muitos eventos, é um dia que a sociedade toda se desenvolve falando do tema e a gente consegue aquilo que tanto deseja: amor, respeito e inclusão para as pessoas com deficiência, para as pessoas com autismo”.
*Fernanda Fernandes e Maria Cunha são repórteres do Papo de Mãe
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