Receber a notícia de que seu filho ou filha tem alguma deficiência pode ser um choque. A maneira como a informação é passada para a família é importante
Thaissa Alvarenga* Publicado em 12/01/2021, às 00h00 - Atualizado em 19/01/2021, às 10h34
Esperar um filho é, na maioria dos casos, uma expectativa muito grande. Cada exame e consulta é aquela ansiedade para saber como o bebê está crescendo e se desenvolvendo. Embora os pais se preocupem com a possibilidade de uma má formação, não se espera receber uma notícia dessas. Muito pelo contrário. Os planos e sonhos projetados no filho são aqueles geralmente realizados por crianças sadias e consideradas “normais”. Por isso, se o bebê que nasce é muito diferente do que foi idealizado, é natural que os pais se sintam desestruturados e desorientados.
Este tema costuma ser pouco abordado pelos meios de comunicação e também nas rodas de conversas com amigos e familiares. Isso acontece porque os pais, ao viverem este drama, têm medo de não serem compreendidos e acabam se escondendo. Não é fácil lidar com os sentimentos negativos em relação ao filho com deficiência. É quando vem a frustração, a raiva e a culpa. Podem acontecer, inclusive, cenários de depressão e, em casos mais complicados, aborto e até mesmo suicídio.
A situação pode se agravar ainda mais dependendo de como a notícia é dada aos pais. A maioria dos profissionais de saúde não está preparada para fazer isso de maneira acolhedora e respeitosa. Falta conhecimento, sensibilidade e, muitas vezes, empatia. Sem auxílio e informação, as mães acabam caindo em seu abismo pessoal e precisam de forças e ajuda para ressignificar suas expectativas e sonhos.
Com o objetivo de ajudar essas mães, o Instituto Empathiae, fundado por Mônica Xavier, faz um trabalho de acolhimento com voluntárias que são designadas a acompanhar uma família por cerca de um ano. Este trabalho é tão necessário e faz tanta diferença, que a ONG Nosso Olhar contou com a ajuda da Mônica para ensinar e capacitar um grupo de voluntárias que futuramente prestarão este mesmo auxílio.
Para mim, este trabalho de acolhimento é o primeiro passo da inclusão. Dar um olhar empático e respeitoso no momento da notícia, quando existe aquele turbilhão de emoções, transforma o cenário assustador em um momento de entendimento e ressignificado. Dar escuta sem julgamentos e apresentar uma nova maneira de enxergar a situação é dar um rumo àquela mãe e mostrar que ela não está sozinha; que o mundo dela vai mudar sim, mas este é só o começo de uma história de superação, carinho e muito amor.
Não é tudo um mar de rosas. Ter um filho com deficiência traz uma série de desafios e exige muita dedicação. No fim, não se trata apenas da criança, é o adulto que precisa aprender a sonhar novos sonhos, criar expectativas reais e entender que existe um mundo repleto de possibilidades para eles e para nós. Só precisamos encontrar o caminho e aceitá-lo para, então, desfrutar da felicidade que a vida tem reservado para nós.
*Thaissa Alvarenga é fundadora da ONG Nosso Olhar
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